quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Caixa.

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Mania de guardar coisas numa caixa. Se é que pode chamar de ‘coisas’ as mais profundas lembranças que ficam ali. Aquela caixa de papelão, já meio desbotada e amassada – também faz tanto tempo não é mesmo? É como se pelas paredes de papelão não pudessem vazar nenhuma das lembranças aprisionadas.. Como se elas não existissem, enquanto adormeciam ali dentro. Aqui dentro também.


Volta e meia abria a caixa. Certa vez foi no meio da noite, quando um sonho terrível veio e fez pensar: esqueceu, esqueceu de tudo, tem outra vida já. Então a caixa teve que ser aberta, para ver você ali parado, com seu sorriso congelado, olhando para a câmera. Por que será que você sorria? Talvez fosse o momento. Mas já estava desbotado.


Outra vez a vontade de abrir a caixa veio junto com uma vontade imensa de chorar. Dessa vez não foi a foto que teve que ser livre, mas as palavras que você colocou no papel. Não foram lidas, e sim devoradas de uma vez. Acalmou, acalmou. Novamente foram para o fundo da caixa, guardada no fundo do armário.


Ali dentro também tinha bilhetes de cinema, uma folha seca, um guardanapo de um bar, sabonete de um hotel nos Alpes (mentira, um hotel de logo ali, mas a imaginação que você tinha ia longe). Coisas e mais coisas, simples, feias, bonitas, mas todas com algum significado, uma história.


Todas na caixa. Tinha mania de guardar essas coisas. Se é que se pode chamar de coisas. Foi um tempo bom, nada precisava ficar guardado por paredes de papelão barato. Suspirou, tapou a caixa. Guardou você.


(até que a caixa necessitasse ser aberta de novo. Cada vez com menos freqüência, observava).

11 comentários:

Yasmine Lemos disse...

Caixas de Pandora são cruéis e perigosas...mas diferente da sua ,guarde sonhos ...
beijão linda!

Pérola disse...

Adorei o texto! Acredito que todos possuem uma caixinha como esta que descreveu. Sinceramente, pareceu ter descrito a minha, desbotada e com bilhetes de cinema. (:

Anônimo disse...

É guardamos várias coisas na caixinha sem nem saber o por que, se é de lembrança ou só mesmo por guadar, Quando vou a abrir minha caixinha não entendo por que guardei certas coisas ali !
Adorei o texto

Beijo;

Amanda Sanches disse...

noossa, tão meu esse texto, eu tenho uma caixinha cheia de coisas, de lembranças, de uma época diferente e toda vez que bate saudades é atrás da tal caixinha que eu vou!

http://oamorhadevencer.blogspot.com/

Luna Sanchez disse...

Eu não abro mais a caixa, embora ainda a tenha, cheia de coisinhas essenciais.

Vamos ver até quando consigo mantê-la assim, fechada...Ai, ai.

Um beijo.

mfc disse...

As nossas memórias acompanham-nos sempre... e quando menos esperamos... saltam dessa caixa!

Nara Sales disse...

O bom de abrir caixas de lembranças antigas é que pouco a pouco, começa a doer menos...

T. disse...

Não gosto da minha caixa, nunca abro sozinha. Eu tenho medo de ter muita saudade ou muita vergonha.

Carmela disse...

Adoro caixas e surpresas.;)

2edoissao5 disse...

guardamos tanto, as vezes é tão melhor jogar ao vento...

franco galán disse...

muy lindo

holsa