terça-feira, 19 de abril de 2011

Uma História.

Weheartit.com
Sempre achou que grandes histórias de amor – e as grandes decepções também – só aconteciam nos filmes ou nos livros que tanto gostava. Sempre achou que problemas como os de Romeu e Julieta jamais fossem acontecer na vida real.
Ledo engano, pobre menina. Tanto quis que tivesse um grande amor que teve um – e com ele vieram as grandes separações, as grandes dores, as grandes decepções.  Os dois se amavam, e como se amavam, mas parecia tudo ir contra eles. Era a família, era a distância, era a idade.  Os dois tão diferentes, de mundo diferentes, mas quando estavam juntos parecia não haver outro sentido. 
Ele a amava e ela o amava, deveria ser simples assim, mas não era.  As dificuldades eram tantas, que ás vezes parecia ser melhor estarem separados. Parecia melhor para ela ir buscar segurança em outra pessoa, parecia melhor para ele ficar não enfrentar os pais.
Porém, quando estavam juntos, parecia que nunca foram feitos para estar separados. Um não funcionava sem o outro. O que sentiam só eles sabiam, parecia mover montanhas, parecia acabar com todos os problemas. Se fosse um livro, talvez ele viesse em seu cavalo branco, a resgatasse e seriam felizes para sempre. Se fosse um filme, talvez ele enfrentasse tudo e ela não hesitaria em deixar tudo para trás, e juntos seguiriam para um novo caminho, próspero e feliz.
Mas não era filme, não era livro. Era a vida dos dois, dos dois que se amavam tanto, mas que não conseguiam estar juntos. Da dor que era pensar em viver separado, da dor que estava sendo passar por tudo aquilo. Mas o final? Deixo aqui, aberto. Deixo acontecendo. Pois mesmo quando achamos que pode ser um ponto final, a vida mostra que há de ter uma continuação.  

segunda-feira, 4 de abril de 2011

sem razão

Iamgem: weheartit.com

Eu sou uma encrenca, você bem disse. Eu olhei pra ti, e em meio a fumaça do meu cigarro que você tanto odiava mas que eu não conseguia largar, eu sorri.
Trouble, você disse, como na música do Elvis.
Eu apenas sorri novamente.
Incrível como a gente era diferente. Eu era a sua encrenca, você minha calma. Eu cheia de vícios, você manias. Eu aqui, na janela de calcinha e com a sua blusa xadrez fumando um cigarro e cantarolando Elis Regina e você deitado na minha cama fazendo as palavras cruzadas do jornal, reclamando baixo sobre as notícias da TV.
Te olho e me lembro de quando te vi pela primeira vez. Chato, pensei, enquanto te ouvia na fila discutindo sobre uma coisa qualquer. Mas quando tu pediu tem café preto, forte e sem açúcar, te olhei de novo.
Me olhasse também, mas nem demonstrasse interesse. Achei isso interessante.
E de repente eu estava sentada na mesa junto contigo, e continuei te achando chato, mas não conseguia sair dali.
E por dias tomávamos nossos cafés amargos e constatávamos que éramos diferentes mesmo – ora, você nem nunca tinha ouvido falar em Janis Joplin, eu por minha vez detestava política – mas ainda assim eu esperava todo dia o intervalo da aula só para estar do teu lado.
E assim foi indo, até que hoje estamos aqui num fim de semana qualquer acordando abraçados, contrariando qualquer razão.
‘Mas quem irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?’