quarta-feira, 23 de junho de 2010

Aos 32 30.


 imagem:http://gettyimages.com.br

Linda, bem sucedida, um bom carro, sempre na moda. Confiante, falando no celular, palavras difíceis, alguma expressão e, inglês, anyway.
Algum namorado, nada de filhos – por ora. Sapatos e bolsas intermináveis no armário, cremes e mais cremes no banheiro.
Era moderna, sabia. Poderia ilustrar um outdoor com seu sorriso mais brilhante servindo de exemplo de mulher de sucesso.
Tinha 30. Ok, 32. Já tinha que usar ‘renew’, mas quem se importava? Ela passava por 27, fácil fácil com um pouco de pó-blush-base-batom.
Quando passava na rua, arrancava alguns olhares, dos homens de admiração, das mulheres de um pouco de inveja – como ela era magra, e aquele sapato!
Mas chegava em casa e descia do salto.
Ninguém sabia, mas ela tinha um pote de sorvete, e ás vezes - com mais freqüência que gostaria, na verdade- usava ele. Usava também chocolate, via filmes românticos-bregas e chorava, seu pijama preferido não era a camisola sexy que usava em ocasiões especiais, mas sim uma camiseta velha. E uma calcinha grande.
Ela cantava Tetê Espíndola bem alto e desafinado, e depois caia na risada. Abraçava o cachorro – o de quatro patas nessa hora – se imaginava no altar de véu e grinalda, se imaginava menos casual, se imaginava mais de mãos dadas – com suspiros e passeios no shopping – queria dormir de conchinha, tão logo abraçava seu ursinho de pelúcia que ganhara daquele cafejeste que mais amou quando tinha 16 anos. Porque quando temos 16 anos é tudo tão mais intenso e pra sempre e dolorido. Quando foi que deixou de ter 16 anos mesmo?
Ah em casa ela podia ter os cabelos bagunçados, não se preocupar com maquiagem, chorar, rir, chorar de novo, admitir que erra e errar novamente, pois isso nos torna mais humanos. Ah, em casa.
Depois na segunda-feira-de-todo-dia colocava a máscara inteira novamente. Mas ria-se toda por debaixo dela, e iria um dia conseguir alguém para rir-se todo com ela- ela real – também.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

No caminho.

 imagem: http://weheartit.com

Pegou a minha mão e me levou pra onde nunca tinha ido. E eu te disse: ‘por que?’ Você sorriu e me disse ‘por que não?’
E então mergulhei no desconhecido, e o medo – porque eu não deixara ninguém me conduzir pra lugar nenhum – o medo que era tanto no começo foi passando, passando.
E de mãos dadas passamos por caminhos, uns bonitos, uns não tão bonitos assim. Mas mesmo quando eu quis soltar a tua mão sair correndo, você não deixou. Não vá se perder, não vamos perder algo tão bonito, era o que me dizia.
E eu não acreditava poder chegar tão longe. Eu acreditava que chegaríamos a lugar nenhum, e que no final seriamos apenas passos distantes um dos outros, como havia de ser.
Mas estava enganada, até porque desconheço o final ainda.
Por enquanto estamos em passos lentos, pé-ante-pé, escolhendo nosso caminho.
Ainda que de longe – culpa do destino- a sua mão está junto a minha. E como é bom poder acordar e saber que não estou sozinha no caminho, e mesmo que a saudades – e todo o resto, que prefiro chamar de pedras no caminho- queiram ser obstáculos, você me pega no colo, a gente os pulas e caímos na risada.
Porque caminho é amor. E eu quero seguir este caminho, com você.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sim e não.


 imagem:http://weheartit.com

E se dá um suspiro, um suspiro longo. Era amor, paixão, loucura ou qualquer um desses sinônimos, antônimos ou seja-lá-o-que-for. Mas sabia que era.
E não tinha passarinhos verdes nem sorrisos bobos, as pessoas não passavam sorrindo cantando e dizendo bom-dia-que-lindo-dia-como-voce-está-bonita-hoje, ela mesmo não andava cantando e cheirando flores no caminho – muito embora cantarolasse aquela música que não saia da cabeça – mas ela sabia que era.
Porque a gente sempre sabe que é, embora muitas vezes não queremos admitir, queremos fugir, nos enganar etc etc etc porque amar ás vezes é tão bom que dói. Dói porque a gente pensa: não quero que acabe, porque a gente já amou e acabou ou porque a gente nunca amou e tem medo de não saber amar.
Amor (loucura, paixão, o que mais?) era o que ela tinha naquele momento. Pronto, falei, confessei, não fugirei mais. Ás vezes é tão mais fácil seguir o caminho, não? Sofrer sofreremos hora ou outra, sofreremos por estar sozinha quando todo mundo tem alguém, sofreremos porque não temos mais certo alguém que tínhamos a um minuto atrás.
Se jogou, foi o que disse ela. Mas não tinha ninguém garantir uma queda suave. Mas tinha alguém para se jogar junto, e não é isso que vale?
Pois tudo é sinônimo e antônimo mesmo.