quinta-feira, 29 de março de 2012

Ritmo Quente

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Queria que a gente tivesse feito aula de dança. Você todo sem jeito, duro, cara de homem, arriscando um dois-pra-lá-dois-pra-cá. Pensava que seria divertido, que estaríamos mais juntos, que fugiríamos da rotina. Queria que nosso amor fosse um ritmo quente, dirty dancing baby. Aquela coisa proibida e envolvente,  aquele olhar nos olhos, tocar o corpo, arrepio, com uma ótima trilha sonora.
Queria que a gente tivesse saído mais para dançar. Quem sabe assim a gente teria se conhecido mais, dado mais risada, se distraído mais? Quem sabe assim, ao invés de arranjar motivos e mais motivos para brigar, a gente não estaria se preocupando em acertar os passos? Os passos da dança, os nossos passos.
Só que a gente não acerta o ritmo. Enquanto eu quero corpos envolvidos em algum ritmo louco, você tem ficado entediante como uma apresentação solo de ballet. Quando eu quero a calmaria de um bolero, rosto no seu ombro – seu apoio, não só o ombro – você resolve que é hora de desligar a música.
Desligamos.
Eu vou fazer aula de dança. Zouk, forró, rock, samba, jazz – todos os ritmos. Vou me encontrar em algum.
Enquanto você fica com o coração na mão, como um refrão de bolero.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Suporte, baby

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Então, é mais ou menos assim: você finge que me conta a verdade, eu finjo que acredito. Você finge que minhas manias continuam interessantes, ao invés de irritá-lo, e eu finjo que te amo ainda mais. Eu te faço pensar que não estou entediada quando na verdade já cansei de tudo em você, e você tenta me convencer que a gente está dando certo. E lá vamos nós, dois mentirosos, seguindo de mãos dadas para o mesmo lugar de sempre, que a gente não agüenta mais.
Você chega e me conta suas mesmas histórias banais, eu falo frases genéricas. Você me da um beijo já sem sal e sem gosto, deitamos na nossa cama, fazemos aquele sexo-que-a-gente-chama-de-amor-mas-que-tem-de-tudo-menos-amor. Você diz que foi ótimo. Eu digo que também. Falamos eu-te-amo-to-cansando-o-dia-foi-longo-boa-noite. Aí falamos mesmo a verdade: estamos cansados. Cansados de fingir uma vida a dois que não existe mais.
Então cazuza canta rouco no meu ouvido: Não pode ver que no meu mundo um troço qualquer morreu, num corte lento e profundo, entre você e eu?
Baby, o nosso amor a gente não inventa mais. É tão difícil da gente ver? Parece mesmo que ele nunca existiu.
Mas a gente continua aqui no nosso fingimento, fingindo que não acabou, fingindo que eu tenho a você e você tem a mim, fingindo que nos conhecemos tão bem quanto há alguns anos atrás. Quantos anos? Nem lembro mais, também são sei quando começamos a ficar estranhos e a pertencer a mundos diferentes. Então, começamos a mentir a nós mesmo, como uma espécie de resistência talvez?
Levantei da cama, te deixei um bilhetinho, todo azul, com meus garranchos. Não fui pra Bahia, não sei nem mesmo para onde fui, só não queria mais esse vazio.
Porque me desculpa poeta, mas essas mentiras sinceras, não me interessam. Não mais.


Obrigada Cazuza, pelas músicas que sempre me inspiram.

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quinta-feira, 22 de março de 2012

Ciclo.

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Era difícil dormir. Quando finalmente conseguia, um sono duro e sem sonhos, já era hora de acordar.  Disfarçava os olhos pesados e ia para a luta de todo o dia – afinal o mundo não para. A manhã era ocupada toda com trabalho, e queria sempre mais e mais trabalho, para não deixar o pensamento livre um minuto sequer. Não queria pensar em quando você me olhou e disse tenho-que-ir-não-da-mais-adeus. Não. Bebia cafés amargos e a vida continuava afinal.

A metade da tarde que ficava livre era ocupada com mais café, música, vez-em-quando uma dose forte. Whisky geralmente.  Cantava alto, enchia-se de raiva daquela solidão que não era para lhe pertencer.  Nessas pesadas tardes, era momento de ter raiva, de enumerar tudo de ruim que tinha passado. Precisava ter raiva. Precisava continuar, se não desse lugar a raiva, viria o amor, então tudo seria mais difícil.

Tarde da noite o sono não vinha. Na cama sentia tudo – seu cheiro, seu peso leve do lado do meu corpo, seus cabelos. Saudade enorme. Nessas noites sentia uma vontade súbita de te ligar e pedir para voltar. Perguntar se já tinha alguém. Tenho certeza que sim. Deve ser alguém do trabalho. Será que você diz as mesmas coisas que me dizia? Estremeci. Chorava algumas vezes com esses pensamentos. Lia livros madrugada adentro, na tentativa de fazer o sono chegar. O quarto se enchia de você – ou melhor, da falta que você fazia.

No começo, liguei algumas vezes. Mas ouvir sua voz dura e indiferente no telefone era quase como te ouvir dizendo que ia embora novamente. Te cuida, você terminava dizendo. Fica bem. Você também, eu dizia. Estou me cuidando. Será que você mentia também? Queria que você dissesse que queria cuidar de mim.

Foi assim por algum tempo, os dias arrastando-se lentos, sua falta gritando alto. Não sei quanto tempo foi, mas foi ficando menor. Ainda doía bastante, mas já tinha me acostumado. A gente tem mais força que imagina não é?

Conheci muita gente. Não procurei ninguém, pensava que ninguém estaria a sua altura, nunca. E a cada conversa que tinha, era impossível não comparar com você. Seu sorriso era melhor, seu corpo mais bonito, você era mais inteligente, ninguém me tocaria como você. Era como uma armadura, que eu não deixava ninguém ultrapassar. Na esperança de que você surgiria a qualquer momento e me tiraria daqueles bares esfumaçados, falando que chega, vamos para casa, vim te cuidar.

Mas você nunca aparecia. Então, aos poucos, fui me permitindo. Precisava me permitir. Fui percebendo outros sorrisos, outras conversas, outros corpos. Nenhum igual ao seu. Ninguém seria igual, te amei demais, você sabe. Mas, tinha consciência de que alguém iria me libertar.

Não lembro bem ao certo quando aconteceu ou quanto tempo passou. Mas foi acontecendo aos poucos. De repente já ocupava novamente meu quarto vazio, as tardes de domingo, as conversas dos bares esfumaçados. De repente já não recordava mais de ti, não com tanto mágoa ou saudade, mas como algo que passou. De repente, não era o seu sorriso o mais bonito, já não lembrava do tom da sua voz ou do cheiro do seu pescoço. De repente, parecia que outra pessoa tinha vivido aquela história, não eu.

Estava livre. Comecei a amar de novo.



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segunda-feira, 12 de março de 2012

Despedida.

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Enquanto você está lendo isso, tenha certeza que estou longe. Não encare como um ato de covardia ou como uma fuga desesperada, mas sim como um ato de amor- amor que ainda tenho aqui. Preferi partir assim, escondida, porque se fosse te dizer não teria coragem, não conseguiria. Você me pediria um abraço, eu iria chorar no teu ombro, iríamos perguntar por que isso tudo estava acontecendo, trocaríamos palavras de amor e aquele beijo do desespero – quando duas pessoas se amam, mas não conseguem mais. Então, tentaríamos de novo, ficaríamos fingindo a felicidade até que algo explodisse novamente, e deixasse marcas cada vez maiores e o amor cada vez menor. Já foi grande um dia, se lembra? Já fomos tolos, apaixonados, acreditamos no para sempre e nessas outras coisas tolas. Mas, esse tempo não existe mais – embora eu te ame, que isso fique claro – porém só amor não é suficiente. Deixamos o resto no caminho, perdido, não encontramos mais.
Por isso, resolvi ir.
Não tenha raiva de mim, te peço. Ou tenha, se preferir. Mas vamos tentar lembrar do algo que foi belo um dia. Quem sabe a gente consiga apagar tudo de errado, e ficar somente com o que foi bom?
Agora, você entende porque estou indo? Se eu ficasse, chegaríamos a um ponto que não existiria paciência para pensar nas coisas boas. E o amor seria somente apego. Um amor raivoso, uma coisa ruim. Não é isso que penso do amor.
Embora doa, muito, vai ser melhor a longo prazo. Eu acho.
Não me procure, não se desespere, me deixa ir, você dizia que somos livres, lembra? Amor não acorrenta não. Amor liberta, e somos nós que escolhemos se queremos compartilhar essa liberdade. Nós vivíamos na prisão, prisão de nós mesmos.
Quero que saiba que eu te amo, mas eu me amo muito mais. Mas nessa fúria de querer preservar isso que a gente tem, estava deixando de me amar, de ser eu. Não posso perder minha identidade para ser alguém que não existe, para ser alguém que é perfeita só para você. Se você não pode lidar com meu pior, não merece meu melhor. Sim, li isso em algum lugar, não me lembro onde, mas você conseguiu entender?
Ah, me amar é tão fácil, teria sido tão simples...
Desculpa. Não quis escrever com o intuito de reclamar. Nem de culpar ninguém. Foi nossa culpa, embora eu tenha tendências a querer jogar ela toda em ti.
Espero que tenha entendido, que não distorça o que eu quis dizer. E antes que você enlouqueça com pensamentos errados, não, eu não tenho ninguém.
Estou indo para nos libertar.


Deus sabe o que quis foi te proteger
do perigo maior, que é você
E eu sei que parece o que não se diz
o seu caso é o tempo passar....



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sábado, 3 de março de 2012

(...)

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Vem aqui, chega mais pertinho, não mordo – não sempre. Sem medo, vem aqui. Vamos fazer o proibido baby, vez em quando, para não cair no tédio. Senta aqui, fuma esse cigarrinho comigo. Cigarro faz mal? Amor também faz, sabia não? Mas tudo bem, vamos indo, na dosagem certa. Ressacas e olhos cansados de vez em quando, verdade... Mas e daí? Não só de momentos bom se faz a vida não é? Sem quebrar um pouco a cabeça, seria chato demais você não acha?
Deixa, deixa essa caretice de lado, deita aqui no meu peito. Deixa eu te mostrar que o mundo não é tão certo nem tão belo, que errar faz parte também. Fica aqui, dorme até mais tarde. Não arruma a cama, fica assim com esse pijama velho, fica aqui comigo.
Outro dia, outra noite, vamos ser caretas de novo, voltar para a seriedade que somos obrigados a ter... Mas, por enquanto, 'por favor, chegue mais perto'.

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