segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Você foi a melhor coisa que não me aconteceu.

weheartit.com



 Agora estou aqui, conhecendo um novo mundo. No começo, senti por demais a sua falta, e não tinha para onde correr. Mal e mal entendiam o que eu falava, e eu não sabia ainda expressar sentimentos tão fortes em outro idioma. Pensava em você toda hora, via você em todas as pessoas que eu encontrava, algumas nem sequer pareciam contigo fisicamente, mas algo sempre me fazia lembrar – fosse a camisa amassada, o cabelo liso e displicente, a maneira brusca de caminhar, o sorriso torto. Ou era só coisa da minha cabeça, talvez.

Mas as primeiras semanas foram passando, e a cada coisa nova que eu descobria, ia aprendendo mais e mais que fiz a melhor escolha. Escolhi ir embora para ser livre, para te deixar livre também. Você disse que não, que era para eu ficar, que a escolha foi minha, mas agora te digo: ir para longe fisicamente foi escolha minha, mas estávamos longe, muito longe há muito tempo, por escolhas nossas.

Já te culpei muito, por tudo. Hoje não te culpo mais. Aliás, estou te escrevendo, depois de um longo ano, para dizer para você que você foi a melhor coisa que não me aconteceu. É isso mesmo. Não ter tido você, seguido os planos me abriu novos caminhos. Me levou para o mundo, o que me fez encontrar o meu mundo também. Tinha muito de mim que eu não conhecia. Se tivéssemos continuado, só nos machucaríamos mais e mais. Na época, não entendia, não aceitava, mas agora que tudo passou, guardo com carinho o que foi bom. Ter você na minha vida foi essencial, mas foi preciso não ter para poder entender tudo isso, viver tudo isso.

Você foi a melhor coisa que não me aconteceu. Espero ter sido a melhor coisa que não te aconteceu também, e que com isso você igualmente tenha se libertado, descoberto, vivido – esteja vivendo. Penso em ti, com muito carinho.




"E, antes de aprender a ser livre, tudo eu aguentava, só para não ser livre" - C. Lispector




Obs. li uma crônica da linda da Martha Medeiros e esse conto se criou haha



sábado, 29 de outubro de 2011

Palco.

Weheartit.com


O que posso dizer é que tudo que fiz, disse e senti foi verdadeiro. Não foi o suficiente? Talvez não. Mas nunca precisei vestir máscaras ou encarar personagens: no meu palco pude ter sido dramática demais, desordeira demais, me entregado demais, falado demais, mas sempre fui eu. Não representei papéis, muito embora tenha vivido algumas cenas, improvisado muito. Foi preciso, não foi? Mas, como toda boa paixão, há de ter um final trágico. Algo como ir embora e nunca mais, nunca mais. Mas, já não importa, porque se não é pra ser verdadeiro, é melhor não ser. Viver com alguém que se limita apenas a representar o melhor papel não é viver, é morrer um pouquinho por dia. Logo, então, melhor descer do palco: aplausos e aplausos para isso que foi. Não quero reprise, não mais. Vou ali encontrar a vida real, e continuar assistindo a suas ilusões. Fechem as cortinas!


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Luto

Weheartit.com

Finais felizes não existem. Até porque se acabou, é porque já não havia mais felicidade ali no meio. Ou até havia, mas a raiva, mágoa, as brigas eram coisas bem maiores. Então não tem como um final ter sido feliz – finais são doloridos, machucam, corroem. Acabar uma história é como lidar com um luto: ali morre o amor e todas as outras coisas que vieram com ele. E dói, dói bastante, uma das maiores dores do mundo. Quem já enterrou um sentimento sabe bem como é.
E vivemos com o luto, sabendo que a outra pessoa está viva. Se ela enfrenta isso também? Não queremos saber. Mas queremos que seja dolorido pra ela assim como dói pra gente, é bem verdade. Esse papinho de quero que você seja feliz? Coisa mais irônica do mundo.
Mas passa, passa. Assim como ele morre, assim como enterramos o sentimento lá no fundo e vamos vivendo cheio de sorrisos no rosto para disfarçar, ele volta. Ah o amor é uma Fênix, renasce das cinzas. Com força, belo, fugaz. Nem sempre para os mesmos espectadores – afinal a vida segue. E o que nos empurra pra frente em meio a esses finais todos, é a certeza que mais além, quando estivemos prontos, vai haver um recomeço – independente da onde, com quem  e quando ele aconteça.


"Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois." Caio F. Abreu

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Kiss.

Weheartit.com




Eu queria te dar um beijo. Você falava e falava e falava sem parar sobre as injustiças do mundo, o capitalismo, a novela das nove que era sempre a mesma coisa e a chatice do Faustão. Eu queria te dar um beijo. Você contava uma piada que só você achava engraçada – e era mesmo, na verdade – e sorria um sorriso bem aberto e desajeitado, como eu queria te dar um beijo. Eu fingia que prestava atenção e concordava em quase tudo, você é meio chatinho sabe? E essa camisa nem combina com o sapato. Poderia ter um humor melhor. Nem ao menos bonito você era! Magrelo demais. Normal demais. Mas encostava em mim e eu só pensava em te dar um beijo, ali na frente de tudo mundo. Ah, se você soubesse o quanto e quanto mexia dentro de mim. Uma coisa é certa, amor não era. Nem paixão, nem nada disso. Desejo,pele, não sei, mas eu te olhava e queria te dar um beijo. Com gosto do café que a gente tomava a tarde. Detesto beijo com gosto de halls, de tridente, de colgate. Beijo tem que ter gosto de beijo. O gosto da pessoa, o gosto bom. Aposto que você é daqueles que pega na nuca enquanto beija. Que olha nos olhos depois. Você sempre olha nos olhos enquanto fala, sempre eu que desvio, você me deixa sem graça. Você me irrita, na maioria das vezes, não parando de falar, e isso aumenta minha vontade de te dar um beijo. Você beija minha bochecha bem devagar e sorri, quando vai embora, e me deixa com mais vontade ainda. Um beijo proibido. Você também quer me dar um beijo, logo sei, você sente também, já percebi. Perigoso, perigoso. Melhor ficar na imaginação. E se não for tudo aquilo? E se for? Melhor não. Já estou bagunçada demais.
(Mas eu ainda quero)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um conto. (II)

Weheartit.com




Lembro quando te encontrei pela primeira vez. Você estava lá, sentado do outro lado da mesa do bar. Quase não falava comigo, quanta arrogância, pensei. Mas talvez fosse apenas porque eu estava acompanhada, acompanhada por um amor que já não era mais o mesmo há tempos, só que era difícil de abandonar. Então, como num golpe engraçado do destino, ele me levou no bar, no bar que estava você, você e suas tatuagens, sua cara de desleixado que contrastava com minha aparencia de menininha fágil - ali estava você, o que faltava para me libertar.


Vi que no meio da noite você tinha me notado. Nossos olhares se cruzaram e eu senti um frio na barriga, que só não era maior que meu peso na consciência - Porque, Deus, porque outra pessoa segurava a minha mão em um gesto tão frio, enquanto você me emprestava um olhar tão quente, ainda que não percebesse?


Quis ir embora, mas ao mesmo tempo queria ficar, só pra fingir mais um pouquinho que você era meu. Fingir que a gente tinha uma história, sabe? Coitado de você, tão inocente ali do outro lado da mesa do bar, mal sabia o efeito que surtia em mim. Ou talvez soubesse, quem sabe, e me olhava como provocação. Sorria entre uma cerveja e outra, me espiando entre minhas caipirinhas sem-graça, não, eu não era pra ti. Eu nem se quer tinha coragem de me desfazer de um amor, quem dera me aprofundar em um outro tão, mas tão diferente? Você era aquilo que eu sempre quis, sabia eu, mas com a mesma força que desejavam eu repelia. Não, não era um padrão de beleza aceitável. Mas “amor” o que eu tinha era, eu mesma era desse padrão, mania de ser aceita pela sociedade, ser destacada, passar a imagem de casal feliz - tudo vazio, fingimento, frígido.


Não tirei aquela noite da cabeça, e posso dizer que muita coisa mudou desde então. Me libertei. Pintei os cabelos, sou morena agora. Tomo cerveja, não vivo mais de saltos, muito menos de esteriótipos. Fui naquele bar outras vezes, mas nunca mais te vi. Queria te dar um beijo, um beijo profundo e profano, sei que iria entender. Sei que um dia te encontro por aí nos bares e esquinas da vida. Quem sabe eu não tenha te libertado de algo também?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

(des)encontro

500 days of summer




- Nossa, oi.
- (...) O-oi.
(silêncio constrangedor)
- Faz tempo, né?
- Dois anos.
- É... é tempo. Você não mudou quase nada.
- Mudei, mudei muito.
- É, está mais magra, o cabelo um pouco mais curto.
-Não é desse tipo de mudança que eu falo. Você sempre foi ruim nisso.
-(...). Não sabia que estava pela cidade.
- Só de passagem. Não esperava te encontrar tomando café, você nunca gostou de café.
- Foi uma forma de matar a saudades que tinha de você, quando partiu.
- Ainda sente saudades?
- Estou tomando café, não estou? E você, sente minha falta?
- Sinto. Já senti mais. Fico feliz em sentir menos a cada dia.
- Dois anos. Nunca acreditei que você iria embora.
- Você não falou para eu sumir da sua vida, desaparecer, não deixar vestígios? Eu fui.
- Foi da boca pra fora, você sabe. Eu só precisava de um tempo, colocar as coisas no lugar.
- Tempo não existe. E você não me impediu.
- Você sabe que sempre fui orgulhoso. Mas eu te procurei, e como, você nem imagina.
- Me procurar em outros corpos, em outras bocas, em um copo de café, não conta.
- Não seja cruel, amarga.
- Me desculpa. Não tem como não ser, quando a gente tem que ir embora com um amor dentro de si.
- Ainda tem amor?
- Tenho.
- Me ama?
- Não a você, mas alguém que você foi, mas que só existe na lembrança.
- Eu posso voltar a ser.
- Não pode. Não voltou, deixou eu ir. Melhor não se iludir.
(Levantou para sair)
- Espera! Se eu te der um beijo, algo muda?
- Eu estava aí do seu lado, até agora. Beijo não se pede não, acontece. Não aconteceu, você sempre fica na espera, vejo que você não mudou nada.
(Saiu, sem olhar para trás. Ele ficou paralisado. De novo, deixou-a ir.)




“Se ao menos - você me amasse um pouco, não estaria aqui e agora, neste bar, sozinho, longe de você e de mim” Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Livros, livros.

weheartit.com


Já fui uma princesa atrapalhada nas mãos de Meg Cabot. Conheci um universo mágico, participei de muitas aventuras, e esperei minha carta para Hogwarts graças a J.K. Rowlling. Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector acompanham os mais íntimos dos meus sentimentos: descrevem aquilo que sinto na alma, me inspiram, me acompanham – ou será que eu acompanho eles?


Tive amores de tirar o folego, descritos por Nicholas Sparks. Falei verdades, fui até um pouco profana, porém muito verdadeira, com as palaras de Tati Bernardi. Martha Medeiros me mostrou como é gostoso nosso cotidiano, e que surtar de vez em quando é bom, muito bom. Agatha Christie me fez desvendar crimes espetaculares. Drummond, Meireles, Shakespeare, Hilst, Jabor e tantos outros me emocionam, me fazem viajar, reletir, ter raiva, sonhar. Através deles pude ter muitas vidas, me aventurar em várias histórias, morrer e reviver tantas vezes.


Pobre daquele que acha que ler é chato. Tenho pena daqueles que ainda não mergulharam na leitura, que não sabe prazer de ter em mãos aquele livro tão esperado, de sentir o cheiro - sim, eu adoro os cheiros do meus livros, de devorar as páginas. Não sabem o que estão perdendo.




Obs. Hoje começa a semana nacional da leitura, dia 29 é o dia nacional do livro. Espero que as pessoas se despertem mais para o prazer de uma boa leitura.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Caixa.

Weheartit.com


Mania de guardar coisas numa caixa. Se é que pode chamar de ‘coisas’ as mais profundas lembranças que ficam ali. Aquela caixa de papelão, já meio desbotada e amassada – também faz tanto tempo não é mesmo? É como se pelas paredes de papelão não pudessem vazar nenhuma das lembranças aprisionadas.. Como se elas não existissem, enquanto adormeciam ali dentro. Aqui dentro também.


Volta e meia abria a caixa. Certa vez foi no meio da noite, quando um sonho terrível veio e fez pensar: esqueceu, esqueceu de tudo, tem outra vida já. Então a caixa teve que ser aberta, para ver você ali parado, com seu sorriso congelado, olhando para a câmera. Por que será que você sorria? Talvez fosse o momento. Mas já estava desbotado.


Outra vez a vontade de abrir a caixa veio junto com uma vontade imensa de chorar. Dessa vez não foi a foto que teve que ser livre, mas as palavras que você colocou no papel. Não foram lidas, e sim devoradas de uma vez. Acalmou, acalmou. Novamente foram para o fundo da caixa, guardada no fundo do armário.


Ali dentro também tinha bilhetes de cinema, uma folha seca, um guardanapo de um bar, sabonete de um hotel nos Alpes (mentira, um hotel de logo ali, mas a imaginação que você tinha ia longe). Coisas e mais coisas, simples, feias, bonitas, mas todas com algum significado, uma história.


Todas na caixa. Tinha mania de guardar essas coisas. Se é que se pode chamar de coisas. Foi um tempo bom, nada precisava ficar guardado por paredes de papelão barato. Suspirou, tapou a caixa. Guardou você.


(até que a caixa necessitasse ser aberta de novo. Cada vez com menos freqüência, observava).

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Secou.

Weheartit.coom




Então um dia ela acordou, olhou na janela e pensou: eu não te amo mais. Não pode ser amor. Eu não sei o que é amor, ninguém sabe ao certo - pensou - mas não há de ser uma coisa boa? Pensava assim: amor, amor, deve ter acabado. Mas tu não me deixas ir assim como eu te prendo a mim, ao desejo, ao ciúme, não é amor. Deve ser apego. Somos apegados um ao outro pelo sentimento que cultivamos um dia, mas que secou. Só que a gente insiste em molhar, pena que ele não brota mais. Nem ao menos sequer sobrou uma semente, a terra não está mais fértil, mas não queremos arrancar a coisa seca que ainda tem alguma raíz ali. Arrancar as raízes dói. Estremeceu quando pensou em arrancar as raízes. Em deixar a terra se recuperar, sozinha, sem nada. Porque algo dentro dela que a gente geralmente chama de esperança, mas cabe também chamar de desespero, algo dentro dela simplesmente queria continuar, queria pensar nas épocas de primavera florida, colorida, bonita. Como doía ver tudo tão cinza. Então essa (des)esperança gritava dentro dela quando pensava em matar as raízes.
Por que né? Por que apego, por que amor? Podia ser tudo tão simples e tão bonito. Não te amava mais. Você de certo também não, embora dizia o quanto e quanto amava. Mas onde está esse amor, que não via? Onde você colocou que eu não está aqui? Não sentia, não via, não cabia mais, pensava ela. Respirou fundo: era hora de mexer na terra.




"Amor não resiste a tudo, não. Amor é jardim. Amor enche de erva daninha."
Caio F. Abreu

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

(i)Real

Weheartit.com



Sabe, tem aquele dos sonhos. O loiro alto de olhos azuis  (ou moreno baixo de olhos cor de mel, tanto faz, o sonho é seu) que ouve as mesmas músicas que você, que adora um café sem açúcar e que manda mensagens durante o dia, só pra dizer que sente sua falta. Ele não é desligado, se veste tão bem, e é sempre tão cheiroso! Nada de futebol e cervejinha no fim de semana: te leva ao teatro e para jantar num restaurante que serve o melhor vinho do mundo. Ele lê livros, os mesmos autores que você! Ele toca violão, canta no teu ouvido e serve café na cama e te deixa comer um pote inteirinho de nutella quando está na TPM.  

Ele é dos sonhos. Você nunca está satisfeita com os outros, porque persegue sempre esse dos sonhos. Aquele do trabalho é até bonitinho, mas baixo demais. Aquele da sua aula? Muito bobo parece, sem falar que já ouviu ele cantarolar um sertanejo, sem condições! Logo você tão culta e intelectual, que gosta de Almodóvar e Nietzshe. Você é a mulher dos sonhos, e quer o homem dos sonhos.

Então acorda! Sonhar é bom, muito bom, mas esse príncipe encantado existe mesmo? E se existir, vai te fazer feliz? Não! Porque o bom não é ter aquele dos sonhos, mas aquele que é real. Um restaurante chique de vez em quando, coisa maravilhosa, mas como é bom comer um cachorro quente ali na esquina e dar boas risadas. Futebol é chato, mas em uma boa companhia, porque não? Ele nem sempre está com a melhor roupa, mas como fica lindo de bermudas e chinelos. E pode não ser o mais alto e forte do mundo, mas não existe coisa que te deixa mais segura – e boba- do que aquele sorriso.

Ele tem milhares de defeitos que te chateiam e que enchem o saco, é bem verdade. Mas e daí? Você também tem. E você sabe que por trás dessa aparência de intelectual e Almodóvar existe alguém que usa camisetas velhas para ficar em casa e assiste comédias clichês comendo brigadeiro direto da panela. E são essas coisas que talvez te façam a mulher dos sonhos reais de alguém, porque o que é verdadeiro é bem mais bonito.

Que tal olhar para o lado hoje e perceber que  viver o imperfeito ás vezes é muito melhor? Os sapos muitas vezes são mais interessantes e divertidos que os príncipes.



(obs. eu amo meu sapo)

sábado, 15 de outubro de 2011

Ninguém morre de amor.

Weheartit.com

Mas parece que a gente morre. Lá no auge da nossa tristeza, quando o fim do amor se anuncia - ou quando é anunciado em palavras duras pra gente - parece que a gente pode morrer de amor sim. Eu já achei que morreria. Lá, na solidão do meu quarto, ouvindo cazuza e tomando meu café, achei que o buraco do meu estômago nunca iria parar de doer. Achei que nunca ia conseguir parar de chorar e que essa tristeza da perda de um amor jamais teria fim.

Só que tem, é bem verdade. Em um certa hora, perdidos no meio de lágrimas e dramas, decidimos abrir a janela da nossa vida e deixar essa dor ir embora. Não vou mentir dizendo que é coisa rápida, que ela não volta nunca mais. Não. Sempre tem aqueles momentos em que a dor do amor-que-parece-que-mata volta com tudo, bem quando não estamos preparados. Se não foi a gente que pois um ponto final então, é pior. Se vemos a pessoa seguindo a vida, com a janela aberta e com o sol entrando enquanto estamos lidando com a nossa própria tempestade, parece que é mil vezes pior.


Sabe, abra a janela, deixe que a tempestade vire chuva de verão, depois deixe que tudo vire sol. Conviva com essa dor toda, sabendo que ele não mata, que ela passa, que você sobreviverá e talvez passará por tudo isso novamente - talvez não - afinal, quem pode prever essa coisa toda que é boa e dói ao mesmo tempo, que eles chamam de amor?



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Conversa de Botequim

weheartit.com




Estavam as três sentadas no botequim, queixosas. Numa sexta-feira a noite nada melhor que tomar umas bebidas docinhas e reclamar um pouco sobre aquilo que amavam muito, mas que ao mesmo tempo era a causa de suas insônias: seus relacionamentos. Já dizia nosso estimado Caio F, “amor, amor: não tem besteira maior”. E é bem verdade, elas concordavam.
Não que amor não fosse bom- logo uma disse, ruim é o rumo que tomam as coisas.
Porque no começo tudo é maravilha, eles se esforçam, querem a conquista, são os mais fofos do mundo. Sabem ouvir, sabem fazer as pequenas coisas, mas depois se acomodam, porque já tem nosso amor, e como somos loucas, intensas e demonstramos isso para eles, logo acham que podem ficar tranqüilos que nunca vai acabar.
As outras duas tomaram mais um gole, concordando. Quem sabe a culpa não é um pouco nossa também? Disse a outra. Porque a gente fala demais. Cuida demais. Demonstra demais. Já dizia minha avó, homem gosta de ser pisado, maltratado, assim eles dão valor.
Uma delas bateu na mesa e pediu tequila, não queria mais nada docinho, já estava ácida. Pior ainda são aqueles que acham que temos que fazer o papel de mãe! Disse ela, entre o sal e o limão. Chegam e espalham tudo, jogam tudo, querem comida na mesa e depois a louça limpa, e depois querem ir direto para a “sobremesa”, sem nenhum agrado. Aliás, eles que querem o carinho, ser ouvidos, querem tudo mastigado. Isso cansa!
As outras duas pediram tequila. O único homem permitido naquela mesa na noite de sexta, era o estimado José Cuervo, mas com certo receio, afinal esse também dava dor de cabeça.
Agradar uma mulher é tão fácil! Falou a mais quieta, que já começava a ficar falante. Só queremos os detalhes, as coisas pequenas, que preparem o jantar ás vezes, que a gente chegue e as coisas estejam no lugar, queremos palavras bonitas, atenção, chocolate na TPM e ouvir que nossa dieta está fazendo efeito. Mas eles preferem elogiar as “amigas” –enfatizou assim mesmo, cheio de aspas descoordenadas- as “amigas” que a gente sabe muito bem quem são.
Silêncio tenso no ar. Cada qual lembrando daquelas “”””amigas”””, aquelas mais magras e cheias de boas intenções (sentiu a ironia?).
Mais um gole e uma explosão de reclamação. Achar defeitos nas amigas, quer coisa melhor? Reclamaram mais um pouco sobre seus homens também, e sua falta de maturidade, seu desleixo, sobre estar cansada e não saber se é isso que querem, sobre o amigo que está dando atenção demais. Mas depois ele vai ficar acomodado também, lembrou uma delas. Afinal, são todos iguais. Todas concordaram. E quer saber? Beberam mais um gole e foram dançar, com seus melhores (e mais doloridos) sapatos, com suas roupas novas e o mais importante: quilos a menos de stress no corpo, afinal, nada melhor que um boteco-terapia com as amigas que entendem bem o que você pensa, para se renovar.






(obrigada amigas que me contam seus problemas e me inspiram, e também que  ouvem os meus, seja no boteco ou não)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Louco, quem?

Foto por: mim hehe


Oi, eu gosto de ir ao cinema sozinha. Sim, sozinha, só eu, minha coca e guloseimas - é óbvio. Isso deve parecer estranho né? Talvez você tenha pensado igual a mulher que sentou do meu lado no dia que eu fui ver Mulher Invisível - que eu sou uma solitária sem amigos. Uma forever alone, para os mais antenadinhos. Mas não, eu só gosto de ir no cinema sozinha.


Eu gosto de usar shampoo do bob esponja também. E escovar o dente com pasta Tandy. Só escolho o canudo vermelho ou rosa, se tiver. Detesto estacionamentos e nunca vou dominar a arte de estacionar bem o carro. Canto sozinha na rua e fico muito sem graça quando alguém me pega. Gosto de pizza e pastel frio da sobra de ontem.


Fora tantas outras coisas esquisitas que eu faço e nem percebo. Freud talvez quisesse achar um significado nessas minhas manias, talvez ele fosse querer me catalogar em alguma classe dos não-normais-da-sociedade. Mas aí eu me pergunto: O que é ser normal? Ahá, te peguei nessa né? Aposto que lendo as minhas esquisitices você ficou pensando nas tuas. E se achou esquisito demais, talvez. Ficou com medinho que Freud bata na sua porta é?


Pois eu digo, seu Freud: pode me chamar de louca, mas não existe pessoa normal. Todo mundo tem uma mania obscura que denuncia uma loucurinha. E sabe o que mais? ser normal, seguir tudo dentro dos padrões, não escovar o dente com Tandy ou tomar coca-cola no canudinho branco deve ser muito chato. E se você leu isso tudo, e não achou nenhuma mania/esquisitice/compulsão/whatahell pra compartilhar... vou ali ligar pro amigo Freud, porque você deve ser meio biruta das idéias.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Velha Infância

Batutinhas, rs



As tardes eram longas, e nelas cabiam sonecas, esconde-esconde, histórias intermináveis da Barbie, jogos de super-nintendo, Nescau e bolo da vó enquanto passava Querida Encolhi As Crianças na sessão da tarde. Duas cadeiras e um lençol viravam uma cabana no meio da selva, com perigos que só eu e meus primos conseguíamos superar. O beliche velho do quarto de visitas era o mais aterrorizante trem fantasma, mas éramos todos corajosos e valentes. A horta da vó? Uma floresta gigante, por vezes também virava um restaurante cheio de ingredientes especiais. Nem os pobres cachorros escapavam, coitados, e viravam alunos da escolinha feita lá no meio do quintal.

Joelhos eram ralados, e como ardia passar Methiolate, viu? A vó tão querida e cheia de abraços gostosos também colocava de castigo e sabia ser muito brava. Nada de brigas na casa dela, senão eram umas palmadas certas. Um real era motivo de alegria e muitos doces na bomboniere da esquina, dava até pra comprar um cascão com duas bolas de sorvete e cobertura!  Os meninos e meninas da rua eram inimigos mortais, embora passassem a tarde toda brincando juntos. Como era legal provocá-los e entrar correndo na casa da vó, e quando estivesse protegida mostrar a língua e fazer careta!

Ah, doce infância. Bom relembrar os dias amenos e longos, onde a imaginação e diversão reinavam. Agora, parece que essa coisa de infância anda meio perdida por aí, com essa coisa toda de internet, vídeo-game e brinquedos de última geração – que brincam sozinhos. Eu não tinha celular. Minha internet era discada, e podia usar meia hora por dia. Aliás, me divertia mais criando quadros no paint e vendendo para o Japão do que entrando em sites, ah não ser é claro, que fosse o da turma da Monica, afinal meu splash precisava de todo o cuidado.

Mas eu sei, sei mesmo que no meio de tantas crianças Hi-tech que tem por aí, ainda existem aquelas que são essencialmente crianças. Que se divertem com pouco, mesmo tendo muito. Que deixam a imaginação fluir, que não tem maldade precoce, que correm e ralam os joelhos (mas que não sentem arder o methiolate, santa tecnologia). É bom não deixar as coisas boas se perderem. Viver cada fase ao seu tempo, porque ter pressa de ser adulto? A infância é a melhor época da vida, e eu relembro com carinho.

Feliz dia das crianças para todos nós, afinal quem viveu uma bela infância sempre guarda um pouquinho de criança dentro de si, tem coisa melhor?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Dia do mau humor.

Weheartit.com


Ser feliz é uma coisa muito linda, onde você sai de casa glamurosa mesmo estando com a roupa mais simples do mundo, o dia está ensolarado, todos os sinais estão verdes para você e todas as pessoas são educadas e sorriem. Mas eis que no meio da semana você acorda e se sente em plena segunda-feira, se atrasa, está chovendo, não acha aquela roupa que precisa e tem que ir de ônibus porque não adianta os sinais estarem verdes se você não tem carro.


É o dia do mau humor. Ok, ninguém gosta de ficar perto de uma pessoa mau humorada e reclamona, ainda mais quando estamos nos dias de céu azul. Mas, eu defendo o dia do mau humor. Quando a gente acorda e tudo que queria era estar dormindo, quando estamos de tpm ou qualquer tensão pré alguma coisa que nos deixa com os nervos abalados, temos o direito de reclamar sim! Nem todos os dias são de céu azul, podemos ter nosso dia de chuva também.


No dia do mau humor, podemos comer a comida direto da panela, não lavar a louça, andar de pijamas velhos pela casa. Não pentear os cabelos, criticar a novela, falar mal daquela
piriguete menina que não gostamos, socar o travesseiro - essa é uma ótima terapia - e achar que o mundo é muito chato e querer se mudar para Vênus (só ser do contra, pois todo mundo quer se mudar para marte).


É bom ter um dia de mau humor. Esgotar tuda aquela nuvenzinha de chuva que cisma em estar somente na nossa cabeça. Soltar os raios e trovões e tudo mais. E depois dormir, acordar e se preparar para o dia de sol e de sinais verdes. Porque mau humor é bom sim. Mas, convenhamos, bom humor é muito melhor.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Amor e outras drogas.

Weheartit.com
Você pode ser homem, mulher, hétero, gay, bi - whatever, pois dessa droga você vai provar. O ministério da saúde nos adverte tanto em seus remédios com tarjas pretas, vermelhas e afins todos os efeitos colaterais do que vamos consumir, mas quem nos adverte sobre essa droga tão complicada chamada amor?


Ah sim, o amor é uma droga. E tem grandes efeitos ás vezes bons, ás vezes ruins, ás vezes dilacerantes, ás vezes inusitados ou estonteantes, ou todos juntos. É difícil saber quando ficamos viciados nessa droga. De repente estamos andando na rua, totalmente reabilitados, lindos, sem nenhuma intenção de experimentar novamente. E então, vem aquele ser que abala todas as nossas estruturas. E ele aparece, assim, sem mais nem menos, e te convida para uma recaída. Te oferece amor assim, sem nenhuma receita, nenhum aviso, nada.


Quem já teve grandes surtos com a droga do amor talvez não aceite mais uma dose. Talvez aceite aos pouquinhos, um comprimido por dia, devagarinho, sem querer se viciar. Mas o amor, ah ele tem um gosto doce no início. E faz você querer mais e mais e mais. Se você não tiver um auto-controle muito bom acaba ficando muito viciado, tomando as grandes - e perigosas - dosagens.


Grandes dosagens, essa sim acabam com você. Com vocês dois. Amor demais pode ser auto-destrutivo. E depois, a dor da perda de amor, parece que remédio nenhum pode tratar. Que nenhum médico pode curar. Mas tem remédio, uma droga poderosa chamada tempo. É aquele velho clichê, só o tempo cura tudo. Parece difícil de acreditar, algumas pessoas precisam de muitas doses de tempo, mas ele cura.
Amor vicia. Amor é uma droga. Mas não de todo ruim, só temos que ter cuidado e tomar a dose certa de cada dia. Se preparar para efeitos colaterais ruins, mas esperar e aproveitar ao máximo todos os efeitos bons. Amor da medo. Mas que graça tem não enfrentarmos os grandes medos da nossa vida?


@Criispi acha que os melhores remédios da vida são amor e Tylenol.


obs. Texto do meu outro blog que não existe mais :(
obs2. Eu amo o filme que me deu a idéia do título.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Para não dizer que não falei das flores


Você entrou no meu mundo. Como em Alice no País das Maravilhas, aqui eu fico gigante, pequena, me perco, me encontro, cruzo os caminhos que eu quiser. Não tem gato falante nem chapeleiro maluco, mas tem tudo que eu crio e dou asas. Por muitas vezes, falo de amor aqui. Conto histórias de começo, fim, dos meios. Histórias que não pertencem a mim, mas sim coisas que ouço, que vejo, que contam por aí, então eu crio,  imagino e conto para quem quiser ouvi-las.

Quem dera tivesse vivido tudo isso. Tampouco vivi metade, então por isso gosto tanto de dizer e dizer, de imaginar. Aqui posso ser muitas, de muitas maneiras, posso ser ele, ela, posso ter muitas vidas. E o mais importante: posso falar o que eu quiser sobre o que quiser, do jeito que bem entender. Fico feliz  toda vez que alguém me diz o quanto gostou. Fico muito contente toda vez que alguém fala: Nossa, parece que você fez aquele texto pra mim, sei bem como  é. Por essas que eu continuo aqui, desde 2007. Mesmo com vontade de berrar de vez em quando  “Cortem as cabeças” eu prefiro é continuar contando minhas aventuras e histórias por aí.  


"O escritor é uma das criaturas mais neuróticas que existem: ele não sabe viver ao vivo, ele vive através de reflexos, espelhos, imagens, palavras. O não-real, o não palpável. Você me dizia "que diferença entre você e um livro seu". Eu não sou o que escrevo ou sim, mas de muitos jeitos. Alguns estranhos." Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Três palavras mágicas.

Querido John.


Ao contrário do que vocês pensam, não somos tão complicadas assim. Nenhum bicho de sete cabeças, pode acreditar. É só  prestar um pouquinho de atenção, ter um pouquinho mais de cuidado, que tudo fica tão simples. Aliás, três palavras muito importantes essas: atenção, simples e cuidado.

Fiquem atentos: Queremos atenção. Somos mulheres que acordam cedo, trabalham, malham, fazem dietas, se preocupam com a aparência e com os problemas da casa ao mesmo tempo que temos que nos preocupar com vocês, com o carinho que temos que dar para vocês, com o ciúme que temos de vocês e queremos disfarçar, com o amor que temos por vocês. E queremos retribuição. Queremos elogios, ah sim, queremos que vocês reparem no nosso cabelo cortado, queremos que vocês reparem no mimo que preparamos para te agradar, queridos homens. Queremos sim chegar em casa e receber mais atenção que a televisão da sala. Nós te damos atenção, nós ouvimos os seus problemas, opinamos, tomamos causa. Mas nós também merecemos uma retribuição. E quando eu falo retribuição, amigo, eu quero dizer nas pequenas coisas. Se interessar pelo nosso dia, querer ouvir nossos problemas também. Pode acreditar, nosso mundo se resume em muito mais do que saber qual é a tendência da última estação. É bom, é muito bom poder compartilhar as pequenas coisas com quem gostamos, saber que somos especiais mesmo para alguém, não só em certas horas, mas em todos os momentos.

É simples. Muito simples, meu caro. E venho aqui com um bom clichê: é na simplicidade que estão as melhores coisas, as maiores alegrias. Óbvio que coisas sofisticadas são boas, não vamos ser radicais. Mas as coisas simples... ah elas são especiais, mágicas. Uma mensagem de madrugada para dizer que sente nossa falta. Um elogio, desprendido no meio do nada. Um presentinho baratinho da ultima viagem que você foi, mas que mostra que se lembrou. Aquela fotografia pendurada no teu quarto, aquele bilhete que escondeu na minha carteira. Atitudes simples, amigo, essas marcam. Não tente inventar, não seja artificial. Simplicidade, querido, queremos isso.

E o cuidado? Aqui, falo de dois cuidados. Primeiro: gostamos de cuidar, mas queremos ser cuidadas também. Ah mulheres, como sofremos, somos dramáticas, amamos demais, vemos filmes românticos demais, lemos demais, projetamos demais. Sim, culpa nossa, culpa da música pop, do Nichollas Sparks e da novela das nove. Mas somos assim. E gostamos da sensação de ser cuidadas, defendidas, amadas e tudo mais. Queremos o pacote completo. Nada de meio termo, entende? Porque nos doamos por inteiras.  E o outro cuidado? Esse outro cuidado é o cuidado que vocês tem que ter, mais para uma precaução:  sempre vai ter alguém que nos ache interessante, que gostariam de ser especial para nós. Alguém que quer cuidar, ser simples e dar atenção. Vocês podem achar que não, que estaremos sempre e sempre insistindo e persistindo, mas não é assim. Então, cuidem, demonstrem, não deixem para depois.