segunda-feira, 12 de abril de 2010

Paixão e sapatos vermelhos.


foto: Crispi.

E ela estava calma enquanto se arrumava. Sentada na cama, sabia que deveria ser hoje, hoje o dia que.
Deu um suspiro, e com um certo medo – por que estaria assim? - foi até o armário e tirou os sapatos vermelhos. Aqueles sapatos vermelhos. Fazia tempo que não os calçava. Não havia sentido nenhuma necessidade, até então.
Colocou a melhor lingerie. O vestido preto. Maquiou-se com precisão, soltou os cabelos. Mas tudo era detalhe, e só depois que colocou os sapatos vermelhos se sentiu completa, sexy,segura. Sentiu paixão, estava pronta.
É que nos outros encontros – 4 ou 5? – tinha sido tudo tão normal. Ela simples, sapatos simples, passeios de mãos dadas, cinema, um hambúrguer – não obrigada, sem sobremesa, dieta sabe? - beijos na porta de casa, beijos simples e calmos, um certo frio na barriga ao ver ele entrar no carro. Até então, tudo sem sal. Mas não sabia por que, afinal ele era tão normal, mas ela estava envolvida. E sentia que hoje seria.
Se olhou no espelho mais uma vez e sorriu: ele chegara.


Ele cantarolava qualquer coisa que passava no rádio enquanto dirigia para casa dela. Não entendia como e por que ela não saia da sua cabeça. Ele nunca se envolvia. Já tivera alguns encontros, mais intensos, mais longos, e nunca tinha se envolvido assim.
Ela era tão normal. Se vestia um pouco fora dos padrões da moda – nada muito sexy também – mas ele gostava. Ela parecia exalar sensualidade por trás daquelas roupas e sorrisos casuais.
Não, ainda não tinham tido nada de emocionante, e ele não sabia porque ainda cismava em dirigir para casa dela. Não, não teve sexo, nem algo perto disso sequer, mas ela não saia da sua cabeça. Ele não queria admitir, ele não queria nada sério, ele não queria. Mas sabia que.
Parou na frente do portão. Sentiu um frio na barriga. E quando ela saiu, de vestido preto e sapatos vermelhos, ele estremeceu todo por dentro, por fora talvez também. Sentiu que hoje seria.

Estavam tensos durante todo o caminho. Ela de pernas cruzadas e ele com a mão fincada no volante. Fingiam conversar algo, mas era muito mais que isso. O vermelho do sapato, do momento, de tudo enchia o ambiente. Foram direto pra casa dele. Ele abriu a porta, e não conseguia parar de olhar os sapatos vermelhos, o vestido preto. Ela entrou em silencio. Ali mesmo, no meio da sala, ao som de nada – mas se tivesse música seria algo calmo e feroz como um blues entoado por uma voz rouca que berraria paixão, paixão - se beijaram loucamente, ferozmente, suavemente.
Ele acariciou seus cabelos e disse:
- É que eu ...
Então ela sorriu e respondeu:
- Eu também.
E não vou descrever o que aconteceu depois, é algo que não cabe aqui. Mas foi vermelho. De amor, paixão, loucura, sapatos.
Foi vermelho, e eles sabiam que.

6 comentários:

Jey disse...

Amor, paixão, vermelho... Que lindo!

Gabriela P. disse...

Que fooofo! *-*
Paixão, né?

Adorei os sapatos da foto! :D
O que está escrito na tatuagem, Crispi?

Beijo

L. disse...

Lindo texto, Cris!
lembrei daquela musica em que fala "vermelho não sei o que"
mas enfim, Adoro ler teu blog, apesar de nunca comentar
ahuhauhu
saudade de ti...
beijos

Lady Vanilla disse...

O que tá escrito na tatuagem, Crispi? (x2)

Adorei demais o texto, melhor que ele só os "que"'s do final. Cada pensamento...

Beeeijos lindas, ótimo texto!

"Vermelho são, seus beijos, quase que me queimam... que meigo são, seus olhos, lânguida face..." - Vanessa da Matta (minha prima (H)

hehe =*

Ana disse...

MIMIMI, odeio que me deixem curiosa ! ahahahahah
Ai Cris, perfeito *-* Esses seus textos de livro...

te amo s2

Hiorrana disse...

O que aconteceu depois...
Ahhh, uma explosão multicolorida.

Adorei o texto e os sapatos.
Beijos