quinta-feira, 24 de abril de 2008

Adolescência vazia



Para perceber que o mundo está um caos é só pegar um ônibus meio-dia. No horário em que o pessoal ta saindo da escola. Isso chega a ser meu divertimento, nessa hora eu tiro meus fones do ouvido ou fecho meu livro. Hm, tem vida mais interessante nesse horário. Eu, com minha aparência tão normal que chego a me camuflar com o banco, fico sentadinha, com um ar de ironia. O ônibus se enche de adolescentes no auge de seus hormônios.
E o que se segue na viagem é tão deprimente que de alguma forma é engraçado até.
Ouve-se de tudo. Um grupinho ouve a toda altura a música do creu no viva-voz do celular, enquanto discutem quem vai ser o próximo a ‘pegar a fulana’. O outro é zoado porque bebeu na ultima festinha e vomitou. ‘Não sabe nem beber’ alguém resmunga pra ele, que recebe um pedala. Meninos de uns 15, 16 anos no máximo, tem que saber beber?
Eu apenas balanço a cabeça indignada e silenciosa, enquanto as menininhas de calça colada falam alto e balançam o cabelo vigorosamente querendo chamar atenção. Vulgar.
Respiro fundo e penso: isso que é a nossa adolescência hoje em dia? Beber até vomitar dançando o creu? Então eu me pergunto de que planeta eu vim, mas fico orgulhosa de não ser desse.
Agora eu entendo porque as pessoas falam que eu tenho um mundo só meu. Mas eu garanto, meu mundo pode não ser perfeito, mas pelo menos não toca creu.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A Última Grande Lição – Mitch Albom



Terminei de ler um livro que me tocou de tal forma, que não encontro palavras que o descrevam. Esse livro mudou meu jeito de ver as coisas perante a vida. De sentir as coisas. E me ensinou uma coisa: a amar. Sempre. Não importa de qual forma.

-Tome qualquer emoção: amor por uma mulher, sofrimento por um ente querido, ou isso por que estou passando, medo e dor causados por uma doença mortal. Se você bloquear suas emoções, se não permitir ir fundo nelas, nunca conseguira se desapegar, estará muito preocupado em ter medo. Terá medo da dor, medo do sofrimento. Terá medo da vulnerabilidade que o amor traz com ele.
-Mas atirando-se a essas emoções, mergulhando nelas, você as experimenta em toda plenitude, completamente. Saberá o que é dor. Saberá o que é amor. Saberá o que é sofrimento. Só então poderá dizer, ‘muito bem, experimentei essa emoção. Eu a reconheço. Agora, preciso me desapegar dela por um momento’.
Morrie calou-se e olhou bem para mim, talvez querendo se certificar de que eu estava entendendo. – Sei que você está pensando que isto é só em relação à morte – continuou-, mas é como venho lhe dizendo. Quando se aprende a morrer, aprende-se a viver.”

Foi difícil escolher uma parte do livro. Poderia ter escrito o livro todo aqui.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Deixa ser



Sem medo segura minha mão. Segura forte, entrelaça seus dedos nos meus.Sem medo, me leve pra algum lugar. Pra lugar nenhum. Me deixa olhar nos teus olhos, bem a fundo. Mas não deixe que eu me perca. Quando eu estiver profundamente no
teu mundo, me traz de volta a realidade. Me mostra que a nossa realidade pura e simples, turbulenta com seus
altos e baixos, vale mais que um mundo de fantasia. Vamos viver o real.Não, não digo para que a gente pare de sonhar. Sonhar é bom amor, mas sonharemos com um pé na realidade,
assim o sofrimento de acordar será menor.E no fim do dia, me abraça forte, pra que eu possa sentir que meu mundo também é o seu.Me abraça forte, e não diz nada. Melhor adiar as palavras. Melhor adiar a despedida.Vamos apenas esperar o outro dia.Vamos apenas deixar ser.

domingo, 6 de abril de 2008

Final



Não gostava de despedidas. Entenda, não é como se ela tivesse fugido, apenas detestava ter que dizer que era o final. Quando se é o fim, já se sente. Pra que dizer então?
Diziam as escondidas que ela tinha medo do confronto. Sussurravam isso quando ela passava com seu brilho. Ela ouvia, e ria-se por dentro. Não tinha medo de confrontos e muito menos falava as escondidas. Só ela sabia o quanto suas garras eram fortes.
Medo? Todo mundo tem de algo. Ela também. Isso não é defeito, isso é humano.
Mas não medo de enfrentar as coisas.
Entenda, ela não fugia.
Apenas deixava o final acabar por ele mesmo. Se todo mundo entende o que é um fim, pra que deixar bem claro um ponto final?
Ela apenas ia.