terça-feira, 29 de novembro de 2011

Você, minha literatura.

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(fragmento de muitas páginas sobre você)



Eu te dei tanto amor um dia. Você teve o melhor de mim, o mais puro de mim, por isso queria que entendesse essa revolta, essa loucura, essa dor que parece sem fim. É difícil seguir em frente quando temos algo dentro do peito que grita, grita, grita e ao mesmo tempo dói tanto. 
Ruim é quando vem os momentos de lucidez, aqueles momentos que parece que tudo pode ser como era antes. Da vontade de voltar a ser aconchego na madrugada,  carinhos durante a tarde, paixão, desejo, teu olhar sobre o meu sem dizer nada dizendo tudo, sua mão encontrando a minha no escuro do cinema, seu beijo calando todos meus medos, seu abraço sendo meu porto mais seguro de todos. Da vontade de esquecer tudo que foi ruim, da vontade de fingir que nada aconteceu e voltar a dar risada das coisas tolas, como se deve ser. Porque será que deixamos chegar a esse ponto? Esse ponto que é o ponto final, que não pode voltar, que não pode ir, apenas deixar tudo como está. Tentamos, tentamos, mas será que tentamos o suficiente? Você foi o primeiro a desistir. Creio que depois irá sentir muito mais que eu sinto agora, quando perceber, quando a poeira baixar  e então não existir mais orgulho e feridas nisso tudo. Se ama volta, você me disse. 
Não. Se ama, não se deixa partir.






ps. Se você é legal, curte a página do blog? :)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Receita.

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Então, é o amor  que nos leva a repetir, suportar, engolir, agüentar? É por causa do amor que ainda fica que muitas vezes fechamos os olhos, fingimos que não vemos, calamos, choramos escondida para fingir depois que ta tudo bem? É por culpa do amor que pensamos o tempo todo em ir embora, bem longe, recomeçar, conhecer outras pessoas, esquecer, mas permanecemos no mesmo lugar?

Difícil dizer. Há que diga que amor é suficiente. Mas eu preferido dizer que amor é o ingrediente principal: sem ele a coisa desanda, fica sem gosto, sem graça, fica pequena, acaba. Mas amor sozinho não segura a onda não, é preciso que venha acompanhado de cumplicidade, carinho, confiança – muita confiança, e respeito. Duro é quando cada coisinha dessas vai acabando, sumindo, ficando pelo caminho e quando vemos sobrou apenas amor. E não sabemos o que fazer com ele.

Só amor não rende. Só amor não agüenta. Parece inacreditável não é? Eu também não acreditava. Filmes da sessão da tarde me faziam acreditar que amor resiste a tudo, que se você tem amor você pode tudo, tudo da certo. Mas não é assim. É triste dizer, mas ás vezes temos  muito amor, muito mesmo, mas as outras coisas estão tão machucadas que amor – que serve para dar todo o suporte e gosto doce para essa receita – deixa tudo mais difícil, amargo até.

Então, vem a parte difícil. Ou ficamos ali, tentando fragmentar o amor em mil pedaços e fazer tudo para que a receita se faça somente dele ( o que geralmente da errado), ou buscamos resgatar aos pouquinhos os elementos. Ou ainda, colocamos esse amor num vidrinho, fechamos e deixamos ele ali, a espera de ingredientes novos, para quem sabe assim começar uma nova receita.




ps. se você é lindo, curta a página do coffeeismyboyfriend  :)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Um conto. (III)



Quando você disse “se cuida morena” senti um frio na barriga. Devo ter dado um sorriso bobo ao responder  “cuide-se você também, moreno”. Na verdade, nunca gostei que me chamassem de morena (preferia que me chamasse de minha pequena na verdade), mas saindo da sua boca soou muito diferente. Você, na verdade, era muito diferente. Diferente daquilo que eu gostava., se é que você me entende. Sim, pegaram muito no meu pé quando falei que você me chamou a atenção, sabia?  Porque você era ogro, meio grosso. Tinha traços fortes, diferentes. Mas, não sei como explicar, não via isso em você, eu enxergava alguém doce por trás dessa aparência toda brusca. Tati Bernardi me ajudou a definir você com a palavra que ela inventou em um conto, Ogrodoce.

Você disse para eu me cuidar, e foi embora, voltou para a sua cidade. Disse: a gente se encontra, morena. Eu quero, quero me encontrar com você. Quero ser a sua morena, quero enxergar de novo esse seu sorriso tão delicado que contrasta com esses seus braços fortes e aparência dura. Você, ogrodoce, ficou no meu pensamento. E eu sei lá porque você me chamou a atenção, deve ser porque cansei de ficar procurando a perfeição que todos exigem. Você estava ali, sendo você, rude, forte, diferente. Por que não, não é? Porque a gente não tenta aceitar bem o que está do nosso lado, ao invés de ficar procurando algo que não nos pertence?

Ogrodoce, eu quero você. E não, não quero te mudar, não quero que você deixe de ser ogro apenas para ser doce. Sei que você é muito, muito doce, amável, e que essa sua aparência, seu jeito faz parte da sua personalidade. Moreno, cuide-se você também, e quando for a hora, quero me perder novamente nessa tua doçura um tanto amarga, totalmente inesquecível. Doce demais enjoa, você tem na medida certa, que bom sentir outros gostos, que bom provar você, ogrodoce.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Loucura!

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Sempre desconfiei que não era muito sã, mas até que veio o amor e me comprovou isso. Amor e loucura caminham um ao lado do outro, você não acha? Afinal, tem coisa mais louca do que ficar horas ao telefone com uma pessoa e depois de desligar, sentir imediatamente uma saudade enorme dela? Ou então sentir um frio na barriga só de pensar naquela pessoa sorrindo? Que coisa mais louca essa de precisar de tal pessoa para existir – a gente sabe que não precisa, mas em certos momentos aquela frase “sem você não vivo” parece tão real. Quanta loucura!

Amor me deixa insana ás vezes. Me da vontade de gritar, me faz chorar feito uma criança, aliás, me faz agir como uma criança. Me faz  ter medo, me faz brigar por coisas tão absurdas, mas faz sentir ciúmes de coisas tão triviais. Meu Deus, como sou maluca! Somos loucos porque amamos ou amamos porque somos loucos?

Amor, esse sentimento bipolar. Um dia é só felicidade, sorrisos e abraços, no outro, choro, ciúmes e nunca-mais-quero-te-ver. Sofremos por amor, somos felizes por amor, vivemos procurando um amor, e ás vezes quando encontramos, deixamos ele ir sem mais nem menos, para depois continuar nessa insana busca.

Insana? Muito. Sou louca mesmo, louca de amor. Mas, como li um dia em algum lugar, “que minha loucura seja perdoada, pois metade de mim é amor, e a outra metade também”.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Joga fora no lixo!

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Aquilo tudo que não presta. Que prestou um dia só que daí já não serve mais, joga fora no lixo. Não guarde, não acumule, não repasse, não recicle: joga fora. Não da pra se aproveitar tudo, e até aposto que você já tentou faz mil reciclagens que não deram certo. Então: joga fora no lixo.


Chega de ocupar a mente e o coração com o que já passou. Varre tudo aí (mas não para debaixo do tapete, espertinha), varre tudo, pega a pá, coloca num saco, amarra bem e joga fora no lixo. Sem dó, já não teve dó demais? Já não tentou limpar, consertar, aceitar essa coisarada toda? Pois bem, uma hora não tem mais como, então, joga fora no lixo tudo que te faz mal, abre espaço para aquilo que quer te fazer bem. Melhor um coração limpo, saudável e espaçoso do que um ocupado com tranqueiras que não servem mais pra nada.


“A paz que eu quero ter
Tão longe de você
Eu sei que vai ser duro
Mas tenho que esquecer...
Vou jogar fora no lixo”
(Sandra de Sá)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

É preciso amar.

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Adoro falar de amor. Falar sobre amor, desamor, sobre suas feridas incuráveis e felicidades eternas enquanto duram. Mas falar de amor tem se tornado algo tão antigo. Parece que as pessoas tem vergonha de falar de amor. Mais que isso até – parece que tem vergonha de sentir amor, de cuidar do amor, de deixar o amor fazer seu papel. Amor tem se tornado algo clichê, brega, ultrapassado. Eu te amo é dito como bom dia, apego tem feito o papel do amor, as pessoas usam uma as outras, machucam, pisam. A troco de que tudo isso? Para dizer que são modernos, que podem ser felizes sozinhos, que não precisam amar?

Eu preciso de amor. Você também, e sabe disso. Qual a vergonha de admitir isso? Veja bem: não estou dizendo que sem amor eu não vivo. Que preciso estar em um relacionamento para me sentir feliz – longe de mim! Apenas preciso de amor, seja ele em qual forma vier. Amor pelos meus amigos, pelos meus familiares, amor por mim (esse deve ser um dos maiores amores, aliás). E não tenho vergonha de admitir que sou feliz porque amo. E que amo de verdade.

Respiro amor, mas não jogo ele no vento. Amo o amor livre, e não o apego. Amo sentir o amor, sem precisa dizer. Amor incondicional, aquele que a gente não espera nada em troca. Aliás, não se deve exigir amor de ninguém, amor acontece. Sou brega por falar de amor em pleno século XXI? Tudo bem, não me importo. Prefiro ser brega e falar o que eu sinto. Bom seria se as pessoas resolvessem ser mais bregas também, e não querer provar algo a si mesma o tempo todo. Apenas deixem as coisas acontecer um pouco, tirem essas máscaras e vivam de vez em quando. Vamos sentir, não há coisa melhor.



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mulheres de plástico.

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Botox congelando os rostos. Meninas - sim, eu disse meninas, de 16, 17 anos - colocando silicone. Cada vez mais e mais mulheres começando dietas malucas na segunda-feira e se frustrando por não conseguirem chegar até o final. Vaidade, o grande mal do século. Por que tanto medo de envelhecer? Por que a vontade de ficar gostosa - pois veja bem, saudável a grande maioria já é - cada vez mais cedo? O que é esse culto ao corpo tão grande, essa compulsão por cada vez mais querer se parecer com mulheres de plástico?


Sou vaidosa, claro que sim. Não vejo nenhum mal em me cuidar, ué. Tenho meus pneus que me encomodam, uma celulite aqui e ali, e muitos complexos também. Ora, sou mulher afinal, gosto de me sentir bonita, de me arrumar, ás vezes deixo um bom dinheiro no salão e tenho mais sapatos do que preciso (mentira, tenho nada). Porém, sou verdadeira. Claro que com certa idade me preocuparei com as rugas que vão aparecer, faço dietas, quero estar magra no verão e um dia quem sabe, colocarei silicone. Mas não, não morrerei se não fizer isso, e muito menos farei para agradar os outros, tampouco para me enquadrar nos padrões tão alucinantes de beleza hoje. Ás vezes fico olhando o comportamento de muitas mulheres e adolescentes, e percebo cada vez mais que elas parecem fabricadas em série. As mesmas roupas, atitudes, maquiagens, corpos. A mesma luta para se manter assim.


Bonecas de plástico não vivem, gente! São perfeitas, mas desculpe, eu prefiro ser real. Prefiro ter uma celulite aqui e acolá, e comer (sem tanta culpa) uma boa pizza no fim de semana. Prefiro devorar um chocolate e uma boa coca-cola sem pensar em quantas horas vou ter que passar na esteira, jump, ou seja lá qual exercício, para perder essas calorias.
Veja bem, sou vaidosa. Mas sou por mim, pelo meu bem-estar. Não me encomodarei se um dia eu sorrir e algumas ruguinhas aparecerem ao redor da minha boca - bem melhor que ter aquela expressão congelada de quem não sente nada. Frigidez comprada em laboratório? Obrigada, dispenso. E sei que tem muitas que dispensam também, que bom.


Viva a beleza! Mas não a de plástico. Viva o corpo perfeito de panicat que todas desejamos ter, mas um Viva ainda maior para o corpo que nós temos, cuidamos, aceitamos sem fazer (quase) nenhuma loucura por aí. Um beijo para a vaidade do jeito certo, porque ficar bonita é muito bom, mas o melhor ainda é ficarmos felizes pelo que a gente é.

"Sorrisos plásticos cumprindo seu papel
Enfeitando um rosto de pedra!
Se a regra é ser tão simpático
Mesmo que seja só pra convencer toda platéia"
(Pitty - I wanna be)


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obs. estou off até segunda. Quem quiser ajudar e curtir a página do blog no face, eu agradeço!
Quando voltar, respondo todos. Obrigada!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Contramão

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Sempre acreditei, sempre fiquei. Sofri, um tanto. Sofrimento é mais que necessário, quando se deseja forças para seguir em frente. Mas não pede pra voltar, não quando for tarde demais. Não volto. Não para passar por tudo de novo depois. É preferível não ter. Não tenho, nunca tive talvez, melhor apagar, tchau, vou, fui. Não pega na minha mão, não, não agora. Confunde, tortura, dói. Não pega na minha mão, não diz pra eu ficar, não me faz andar na contra-mão, é perigoso demais. É triste demais, eu sei, sabemos, mas foi assim, não deu pra ser, você não sabia, não foi o que disse? Como agora sabe, sabe o que? Sabe nada. Eu tinha ficado, eu agüentaria tudo, eu tinha coragem, eu tinha amor. Ah, você também? Eu tinha mais. Não, você não tinha, eu tinha mais. Eu tive. Não me diz que ainda tem, se tivesse não estaria aqui agora, me falando. Teria mostrado. Eu sei, eu sei que você tinha medo, quem não tem? Ainda tenho, mas não posso fazer mais nada, fiz tudo que estava ao meu alcance, uma hora não consigo alcançar mais. Você não acreditou, poisé.

(mas eu não estou mais aqui, nem aí,embora a vontade seja grande)

Tentou frear
Faltou coragem
Agora é tarde pra voltar
Tentou mentir
É bobagem
É só uma fase vai passar
(moptop - contramão)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ironias do amor.

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Tudo vai acontecendo aos poucos, como deve ser. Do mesmo jeito que fui aprendendo a te amar aos poucos, aprender a não te amar acontece lentamente também. A gente sempre acha que pode arrancar o amor assim, de uma vez só, quanta tolice. Afinal, ele foi plantado ali aos poucos, não foi? Ninguém acorda um dia sem nenhum amor e de repente liga um botão e diz: estou amando. Da mesma forma, não tem como apertar o botão e ‘desligar’ o amor, como se ele nunca tivesse existido. Ah, a gente pode até disfarçar, dizer que não ama, colocar o sorriso no rosto e para os outros fingir que não temos mais amor, ta tudo bem. Mas sabemos, e como sabemos, que é difícil, que é lento, que demora essa coisa toda de desamor.

Chega até ser engraçada, essas ironias do amor. Quem disse que eu queria me apaixonar? Mas amor é assim, quando a gente menos espera, ele acontece. E de repente ele não serve mais, não como deveria, mas insiste em ficar ali atormentando. Resiste em ir embora, mesmo quando tentamos expulsar – Amor, por que você dói tanto? Se quer ficar aí, que fique então, mas faça as coisas do jeito certo. Se não da mais, então porque não vai? Amor, você só pode estar de brincadeira. Não é mais o mesmo, mas custa ir embora, não deixa um novo entrar, mas também não quer sair. Que coisa, heim, amor?

Mas a gente vai aprendendo. Leva tempo (tempo, outra coisa irônica né?), mas aos poucos a gente vai conseguindo. ‘Desamar’ é bem difícil, dói e tudo mais. Mas depois, a gente agradece, a gente aprende. Ou não, ou a gente comete os mesmos erros, a gente ama demais, depois quer desamar e depois ama de novo. Porque o amor adora se fazer presente mesmo na ausência, adora bagunçar a nossa vida. E quer saber? Eu adoro mesmo uma bagunça. Coração organizado demais, é mesmo um tédio.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Polaroid.

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Lembro-me  de alguns dias acordar com você silenciosamente registrando aquele momento. Achava estranho, no começo, algo como uma invasão, não sei. Mas com os anos passei a perceber que fazia parte de você, da sua arte, de dentro de ti. Eram várias, nossas, minhas, tuas, de lugares, objetos aparentemente sem graça, mas que para nós contavam uma história. Você colocava a maioria delas na parede da sua sala – sua sala decorada de um jeito tão seu, acho que era meu lugar preferido de toda sua casa. E ali tinham algumas de lugares do mundo, de pessoas estranhas, de coisas que nunca vi. Eu passava horas e horas olhando. Você sabia me contar o momento de todas elas, com um brilho nos olhos. Sempre guardarei isso.

Mas você gostava de tirá-las de mim. Enquanto eu despertava. No nosso café da manhã. Durante a praia. Sorrindo, chorando. Momentos que só você sabia captar. Elas pareciam pintura – não sei dizer, mas não pareciam apenas fotos. Era amor, você dizia. Era a forma como você me via. Eu te via de muitas formas também, mas não precisava registrá-las, pois algo que é bom, fica na memória. Mas você rebatia que a memória confunde, apaga, mistura. E as fotos não. Que meu sorriso seria sempre claro e sereno, não importa  quando você olhasse. Que não queria perder a sensação de me ver despertando. Que precisava registrar.

Claro que um dia você foi embora. Me deixou uma foto, com algumas palavras escritas. Sou do mundo baby. Existem coisas que preciso conhecer. Eu te amo, mas não posso ficar. A gente se encontra.
Quase rasguei as fotos, todas elas. Mas depois apenas aceitei o que não poderia ser modificado. Você era um pássaro, precisava voar. Eu, sua gaiola, não poderia te aprisionar por muito tempo. Olhei as fotos, uma por uma. Sei que voltaria, no tempo certo.

“Fiz aquele anúncio e ninguém viu
Pus em quase todo lugar
a foto mais bonita que eu fiz,
você olhando pra mim

Alto aqui do sétimo andar
longe, eu via você
e a luz desperdiçada de manhã
num copo de café”

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Entre tantos, tão poucos.

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Não sei quantos bilhões de pessoas existem no mundo agora – mais que 7 bilhões a essa altura com certeza, mas acho engraçada a idéia de passar por várias todos os dias sem nem prestar atenção, sem nem desconfiar dos problemas, dores-de-cotovelo e angústias que elas carregam por debaixo da cara de pressa. Mais engraçado ainda é que no meio de tantas pessoas estranhas e que cruzam nossa vida, uma hora ou outra alguma nos desperta. Pode ser aquela pessoa que sempre esteve ao seu lado, mas de um dia para o outro, como mágica: Puf! Ela já não é mais uma do mundo. Ela faz parte do seu, agora. Ela divide histórias com você. Ela te conta como gostava de caçar tatu-bola e comer jabuticabas do sítio do avô, no interior. Você sorri por estar sendo espectador de uma coisa íntima, e conta também de como  morria de medo quando chovia com raios e relâmpagos.Entre risadas compartilhadas, confessa que ainda tem medo. Então seguram nas mãos, um dos outros, se olham por instantes, momentos mágicos que ficam na memória anos depois.

Curioso isso, um monte de gente esbarra em você, te conta alguma coisa. Mas nenhuma provoca aquele arrepio como o toque daquela em especial. Nada parece mais interessante que ouvir sobre tatus-bolas em cima da cama desarrumada no domingo. Um monte de pessoas lindas, saradas, diferentes por aí. Mas você prefere aquele, que não é um padrão de beleza, mas que de algum jeito, conseguiu te prender. Logo você amigo, que se dizia livre pelo mundo, misturado as outras tantas pessoas com cara de pressa. Agora, sorri a toa antes de dormir. Tem vontade de ligar na madrugada só pra ouvir a voz de sono do outro lado da linha falando alô. Ou então, só para ouvir o silencio, a respiração. Quanta loucura nessas coisas.

Como é boa a sensação de saber que no meio de bilhões de pessoas no planeta,  há alguém sentado em alguma mesa de escritório que está pensando em você. Não passar despercebido. Contar e ouvir as pequenas coisas. Fazer as coisas clichês, que todo mundo gosta  e ninguém admite. Pensar com carinho no tempo bom, naquela viagem ou na música cantada de maneira tão desafinada. Não sentir vergonha de ser o que é: tentamos ser tantas coisas todos os dias, que esquecemos como é bom ser livre, verdadeiro e amado exatamente por isso. Por todos os defeitos, histerias e medos, não só pelas coisas boas. Bilhões de pessoas no planeta, e é em você que penso com tanto carinho. Que bom que tenho você, perto ou longe, tanto faz, mas que bom que você é aquela pessoa que no meio de tantas, me faz sentir única.




(texto escrito faz um tempinho, não sei se me cabe mais.)