terça-feira, 20 de janeiro de 2015

tempo tempo tem?

Passará, em cada despedida...


Me conforto em saber que o tempo vai apaziguar isso tudo que está emaranhado aqui dentro. Só que agora o que sinto é urgência, urgência de ti, dos teus sabores, do teu suor, da tua pele. Faz tão pouco tempo que ainda sinto você aqui do meu lado, ao mesmo tempo que sei que demorará tanto tanto tempo para poder de fato ter você de novo. Se tiver. Tempo, tempo... Tão relativo. Passou voando enquanto estive com você, agora se arrasta ao pensar que não sei quando te verei de novo. Vivo dia após dia no meio do caminho entre querer lembrar de tudo e querer que o tempo avance e arranque essa agonia de dentro de mim. Me confundo entre a vontade de reviver tudo na lembrança e a necessidade de que as memórias se tornem cada vez mais desbotadas, até que não passem de um suspiro em um domingo qualquer.

Você veio como uma esbarrada do dedinho do pé no canto do sofá:  inesperado, me fez esquecer quem tinha em mente enquanto andava distraída, me despertou e agora dói, dói tanto que já nem me lembro mais o que fazia antes desse encontro furtivo.

Foi rápido, e agora é algo latente, pulsante, mas como toda dor-amor irá passar. Talvez sozinha, talvez precise tropeçar em alguém, mas o que é certo é que vai sumir, hora ou outra.
Coleciono momentos, tudo é efêmero, tudo é líquido, nada dura, e com isso tenho medo de endurecer também.

Durará quanto tempo esse tempo que não passa, passará quanto tempo essa dor que corrói, tornar-se-á preto e branco essa nitidez que me ofusca a visão no meio da noite ou viverá mais altiva nos sonhos que me perturbam até de manhã?

Tic Tac.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Monólogo



Não sei o que quero dizer, apenas digo sabe? Se eu não falar fica pulsando aqui dentro sem parar e não para, na verdade não pra nunca, porque mesmo que eu não tenha nada a dizer eu quero dizer tanto. Quero dizer fica, quero dizer que tem tanta poesia no mundo e que muitas delas me lembram você, me entende? Como você poderia entender se eu nada te disse, mas às vezes o silencio pode dizer muita coisa também, será que você sente o que eu sinto? Será que você sente? Sentir é para os bravos, os corajosos, você riria disso. Você sempre ri dos meus devaneios e diz que sou prolixa, e eu sou mesmo, mas é que se eu não falo eu morro por dentro, sabe?  Não faça essa cara, essa cara que eu suponho que você faria se você estivesse lendo isso, porque eu nunca te mostrarei. Tenho músculos, tenho força, tenho coragem, mas não coragem dessas de dizer coisas do coração que devem ser ditas, embora eu diga o tempo todo para que as pessoas coloquem pra fora, ei eu também coloco, mas pra for- dentro sabe? Não, como poderia saber, se nem ao menos eu to te vendo e talvez nem verei mais, porque nossa vida é diferente e eu nem sei onde você está, e se está, se estivesse aqui eu te juro que falaria tudo aquilo que ta aqui dentro, vou falar, aqui vai:

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

(D)escrevo

Madrugadas pensantes

Descrevo
Escrevo na angústia de talvez não me lembrar mais de como foi
Desgosto
Do teu gosto não estar mais aqui se misturando ao meu
Desespero
Espero por poder te tocar de novo e de novo e de novo como se fôssemos um só
Descaso
Do acaso que nos encontramos e por acaso partimos de volta para nosso caminho
Desencontro
Me encontro na lua, porque sei que é a mesma lua para mim e para ti, aonde quer que você esteja agora
Desconforto
Me conforto com o pensamento do que passou, ao passo de que cada passo meu é para mais longe do teu
Descompasso
O compasso da música calma acelerava meu coração, a tua mão na minha mão, a areia e o mar, a-mar, ar. Falta de ar com seu suspiro mesclado ao meu gemido
Desalinho
Nessa bagunça de nossas pernas e nas coisas que perdi pelo escuro da noite, só me lembro do teu sorriso alinhado numa imperfeição tão detalhadamente perfeita que sorri agora
Desapego
E fico apenas com o que foi bom. Quantas paixões cabem numa noite? Quantas vidas se vive em poucas horas? E o que vem depois? Uma vida inteira. Pego sua lembrança e o resto se esvai
E vai
Vai
Porque a vida, meu caro

É pra ser desbravada. E destemida. Não temida.