domingo, 28 de agosto de 2011

Historinha.

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Essa historinha  não começa com era uma vez e nem termina com felizes para sempre.  Na verdade talvez ela tenha começado com felizes para sempre, pois os começos na maioria são felizes e achamos que duram pra sempre. Enquanto nada  acontecia, tudo seguia aquele velho script: risos a toa, saudades imensas ainda que a ausência durasse pouquíssimo tempo, mãos entrelaçadas no cinema,  domingos inteiros sem sair da cama, aquela sensação de eu-te-amo-nunca-vai-acabar-não-sei-viver-sem-você.  Esse começo de historinhas como essa costumam ser sempre cor-de-rosa e cheia de floreios.

Mas no meio da historinha algo vai se modificando, algo começa a acontecer – algo que tem vários nomes, mas que eu prefiro chamar de vida, pois o que acontece é sempre o mesmo, a vida.  Mas, enfim, algo começa a acontecer – já não são mais tantos risos e sim algumas lágrimas, o pra sempre começa a ser questionado, finais são ensaiados mas falta alguma coisa – coragem talvez?  Medo de ficar sozinha? Restinho de amor que faz acreditar que vale a pena? . Nesse momento da historinha  é quando se sente aquela sensação de fracasso, de que como fomos chegar nesse ponto? Nos amávamos tanto, sei que podemos conseguir, porém não conseguimos, sofro tanto mas quero ser feliz. Essa parte da historinha costuma ser cinza e conturbada.

Então chega a ultima parte desta historinha – tenho que frisar que é desta historinha, pois as historinhas são um ciclo, algumas se repetem, outras surpreendem. Mas a ultima parte dessa historinha é aquela em que acabou de verdade o conto de fadas, aquela em que se costuma tomar muito café ou muita vodka ou os dois, fumar algum cigarro e ter olheiras. Nessa fase a saudade aperta forte, a vontade de ligar é grande, mas não maior que a vontade de voltar ao começo da historinha ou ao momento em que nada acontecia. É sempre difícil, impossível. Essa parte da historinha não tem cor, é a ausência de tudo. Mas como não existem felizes para sempre – até que me provem ao contrário- também não existe triste para sempre, que fique claro.

E mesmo quando a historinha chega na parte negra, preto  e branca, meio dramática, um dia ela volta a ter cor. Ela pode ter uma cor amena, pode ser um monólogo. Ela pode ter novos personagens ou até mesmo os antigos.  Ela nunca começa com era uma vez ou termina com felizes para sempre, o que não quer dizer que possamos ser felizes enquanto ela durar, e a cada dia colorir ela de uma maneira diferente. Quantas historinhas temos escondidas que merecem ser contadas?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Parágrafo Único


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Eu sei que chove lá fora e que está frio, tempo cinza, cinza e feio, ainda que olhando pela janela do meu quarto tenha o maior sol e calor e céu azul. Janela do meu quarto, eu disse, mas minha janela mostra outra coisa. Não sinto fome, ainda que desesperadamente tenha comido aquele pão que você deixou embrulhadinho no pacote, uns dias atrás. Não tem gosto nenhum. Ou será que tem e eu não consigo sentir? Talvez ainda haja algum gosto nas coisas, alguma cor, quem sabe? Não consigo ver agora: cego-me pela dor, raiva, as palavras duras que me disse sem intervalos nem virgulas nem nada, apenas foi dizendo, elas me deixam cega, com raiva, com vontade de me isolar na minha tempestade e ao mesmo tempo com vontade de me jogar nesse dia de sol e mostrar que eu consigo sim, eu sei que eu consigo, ainda que me doa bastante – vai doer por bastante tempo, eu sei que vai. Ainda que haja amor, é isso será? Não sei, ainda que haja amor o que você deixou aqui o tem esmagado. É uma coisa estranha porque sinto raiva de você e ao mesmo tempo te amo para depois sentir mais raiva justamente porque te amo e as coisas são cinzas assim, e a sua voz me faz chorar e não rir, faz doer – não, não aquela dor boa no estomago, esquece isso, já não tem faz tempo, faz doer de verdade, lá no fundo. Então eu peço mais café, pedi cigarro também, ainda que não goste de fumar, mas eles fazem com que eu não pegue o telefone e te ligue pra cuspir tudo que está aqui dentro e chorar e ficar ainda mais machucada, porque na sua voz existem farpas sendo atiradas todo e todo tempo. Nunca pensei que iria sentir tanta coisa mesmo você dizendo outras, sentir que acabou mesmo querendo que continue mas não querendo também, não que fosse dessa forma, mas sim colorido, está cinza demais, doído e frio. E é assim que as coisas são, vamos seguindo por caminhos cada um no seu, cada um sabendo a falta que o outro faz mas a dor que um tem causado no outro também. Quem sabe a gente aprenda e volte correndo por outro caminho e se encontre em uma esquina qualquer só para dizer o quanto e quanto sentimos falta um do outro, eu sinto, você não? Muito embora agora o que eu sinta é muito maior do que sua falta, é falta do que nunca fomos um para o outro, ou se fomos não consigo mais me lembrar, porque tudo fica cinza e um pouco escuro nessa época. O telefone fica na minha mão, mas não vou ligar, você não liga também, e assim nos afastamos mais, enterremos isso de uma vez,  então eu tomo mais um café e vou fingindo que ta tudo bem tudo bem. Será que é assim que grandes amores se perdem? Por que as pessoas seguem, falam tudo errado, fazem tudo errado e seguem, e depois mais pra frente quando não há mais o que se fazer vem aquela falta e aquela saudade mas já é tarde demais, ou nunca é tarde. Se for pra gente se encontrar a gente se encontra, isso ta escrito em qualquer literatura ou filme ou musica, mas eu não acredito nisso. A gente se perdeu, e se for pra gente se encontrar, a gente tem que querer se encontrar, tem que querer passar por cima, se não quiser, mesmo que a gente tenha que se encontrar, não iremos nos permitir. Tomo mais um café, é bom respirar. Ta cinza e frio, mas ta sol la fora, então quem sabe?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Amanhã

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Não fosse o gosto do cigarro, dessa vodka ruim e desse café amargo, o que você deixou foi muito pior. É amargo sabe? É amargo ter que ouvir essas coisas, essa ressaca é muito pior. Sim, sou tua, choro, descabelo, vou pra nunca mais voltar mas volto. Ou voltava.
É que sabe, tem o dia de hoje, o dia de hoje que eu te chamo, te espero, que eu choro, que você sai, mas tem o dia de amanhã. Cuidado com esse dia, porque ás vezes ele tarda a chegar, mas ele chega.
Amanhã eu em levanto, vou e não volto. Amanhã eu tiro todo esse gosto amargo da boca, porque tem muita coisa doce por aí. É baby, a noite pode ser longa, posso até ficar com essa cara de choro e implorar por você, mas amanhã chega.
Baby, aproveita e seca minhas lágrimas hoje. Pega na minha mão, peça desculpas, fica comigo. Não vá embora, não diga que quem sabe volta amanhã, porque quem sabe amanhã eu não esteja mais aqui.