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Então eu decidi ir embora. Não, nem de país, muito menos de cidade, apesar da ideia ser boa. Apenas decidi que tinha que respirar novos ares. Mudei, do bairro para o campo. O lado oposto de você, da sua casa, da selva de pedra que tu vive e das paredes de mentiras que sustenta. Já que era ser para livre, tinha que aprender a ser livre, tinha que começar. Te disse que mudei, mas palavras não adiantam. Tive que mudar, não somente em atitudes, em palavras, mas tive que ir até um ponto novo.
Sempre fui garota da cidade, você sabe disso. A sua garota da cidade. Mas já que nem sua era mais, não me cabia mais ser da cidade também, não acha? Queria algo novo. Pisar no chão, respirar sem culpa, nadar livre, acordar com outro som, com outro cheiro – até com outro beijo, por que não? Beijo calmo, violão. Aqui é tudo tão mais leve, venho descobrindo, já nem me lembro mais das paredes de concreto: na casa de madeira tudo se ouve, tudo é tão claro... a gente sabe exatamente onde está pisando, se você me entende.
Liberdade, você não queria? Disse para eu ser livre também. Mas você ficou... e eu não queria ir. Mas agora, nem me lembro mais de ser da cidade. E você parece tão preso na sua tal liberdade estranha! E um pouco triste também, tal como sorriso de plástico. Não sei, pode ser apenas impressão – é que agora moro no mato sabe? Algumas coisas já não fazem mais sentido, embora tenham feito um dia, nunca, nunca mais. Mordi a fruta fresca, do pé, e o sabor era novo – o resto ficou lá pra trás, junto com a selva de pedra que não mais me cabia . Junto com você.
"Olhando a extrema beleza dos pássaros amarelos calculo o que seria se eu perdesse totalmente o medo. O conforto da prisão burguesa tantas vezes me bate no rosto. E, antes de aprender a ser livre, tudo eu aguentava - só para não ser livre." C. Lispector
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