quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um conto. (V)

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Tinham 16, época doce. Parecia que esse amor jamais teria um fim,  não há quem não dizia que eram feitos um para o outro. Na verdade eles eram bem diferentes - ela sonhadora, porém firme, personalidade marcante, vivia em devaneios. Ele um pouco mais pé no chão, prático, realista - mas o amor que ambos tinham era incontestável. Faziam tudo juntos, se divertiam até quando não faziam nada demais - domingos assitindo filme ou almoçando na casa da avó eram os mais divertidos. Se entendiam por olhares, entendiam um ao outro. Aos 16, tudo era mais doce, tudo era para sempre.


Tinham 18. As coisas já não eram tão doces. Discutiam mais que conversavam, ela sempre mais histérica falava sem parar,  ele não concordava com nada nunca, os caminhos que queriam seguir já não eram tão semelhantes. Eles se amavam, amavam muito, mas o amor já não era mais suficiente. Terminavam e sofriam por dias, até que voltavam e sofriam por não conseguirem mais lidar com aquilo. Ela queria tentar, queria esquecer, recomeçar, ele já não tinha mais paciência para nada. Mandou ela ir embora várias vezes, ela nunca ia. Mas um dia, já com o coração machucado demais e com a estrada grande  pela frente, foi. Deixou ele para trás, enterrou as mágoas e foi.


Tinha 27. Teve muitas namoradas, mas sempre faltava algo. Sabia que sentia falta dele todo dia, mas nunca teve coragem para voltar, ou lhe dizer isso. Ela agora estava linda, feliz, e com alguém - ele se perguntava se ela sentia tanto a falta dele como ele sentia a dela. Se lembrava das vezes que corriam na chuva,  das discussões que acabam em beijos apaixonados, das promessas que tinham feito. Se lembrou dos medos, dos erros tão comuns da idade. Mas não voltou, não procurou, não perdiu perdão, não teve coragem Ainda hoje não tinha coragem, e assim acabou por ser espectador de uma história que poderia ser vivida por ele. Aprendera a lição, mas não conseguia mudar de capítulo.


(ela também sentia certa falta, mas procurou enterrar as lembranças. Resolveu plantar seu amor em outro lugar).

 “Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui a pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo.” Caio F. Abreu

obs. Curte a página do blog? E a minha página de fotos?

5 comentários:

Bruna Franco Teixeira disse...

Ain, lembrou tanto Disco Rock do Papas.

"Ela foi embora, ela não vai voltar, ele não acreditou no fim, e o amor foi se apagando assim..."

Amo de mais essa música, ela é tão triste, mesmo tempo uma batidinha boa. E amei seu texto também florzinha. Lindinho *-*

Luks Vieira disse...

Cada fase em nossas vidas possui pontos de arrependimentos incuráveis...
Adorei o Conto, muito bom.. parabéns!
Att.,
Luks

Natália B. disse...

Renato Russo já dizia: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar, na verdade não há."
O momento é sempre AGORA, JÁ. Não há tempo de esperarmos as coisas esfriarem, procurarmos uma hora melhor pra dizer o que sentimos. Afinal, tudo muda muito rápido e podemos não ter a chance de expressar nossos sentimentos depois.

beijos

Laís disse...

Um conto triste,bem verdadeiro.Se a gente deixa a paixão amolecer o amor de verdade não chega nunca.

beijo

mfc disse...

Aos 16 os amores são eternos!
Mas bons são aqueles que se tornam etrnos depois da madurez dos anos.