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Preguiça das pessoas e desses joguinhos sociais, saca? Bom, deixe-me ser clara: Toda essa coisa montada, esse script que temos seguir quando conhecemos alguém. Visualize: você se arruma, chega na festa. Olha para os lados, vai até o bar, retoca o batom vermelho e dança mais um pouco. De repente ali, de camisa xadrez e barba por fazer (já que agora o lema é faça amor e não a barba), está ele. Olham-se, você desvia o olhar, dança como se não tivesse percebido a figura. Olha de novo, ele sorri, você bebe seja lá o que estiver bebendo e ele se aproxima. A abordagem vai variar de acordo com o lugar que você esteja freqüentando (espero eu que não seja uma balada sertaneja – nada de agora fiquei doce), você reza para que ele não venha com um papo muito furado. Aliás, você reza para que ele tenha papo, que não venha já te segurando, querendo te beijar, afinal as pessoas tem essa mania hoje em dia. Elas querem primeiro beijar para (talvez) depois se conhecerem. Triste.
Trocam algumas palavras, ele falou algo engraçadinho e você sorriu. Seu sorriso foi elogiado. Vão para um outro lugar porque ali não da para ouvir direito. Aham, sei. Ele tem até uma tatuagem legal no braço e parece ser bem bonito de perto – ah não, nada tem a ver com as duas doses de tequila- então você vai. Talvez vocês conversem mais um pouco, talvez não... Mas, supomos que sim. Então, logo começa aquela auto-publicidade toda – e isso meu caros, me cansa muito, muito muito. É aquela coisa, você é acadêmica de (insira seu curso aqui), faz estágio, rala pra caramba, não liga para coisas fúteis (apesar de estar usando um sapato mega caro), assiste filmes de Tarantino e gosta de ler (mas não diz que é fã de Nicholas Sparks). Ele diz Jura?? Elogia seu curso, faz alguma piada sobre você ser muito inteligente, diz que surfa/anda de skate/toca violão e que no próximo ano vai fazer intercâmbio para a conchinchina, que por acaso é o lugar que você sonha em visitar. Você quer ir viajar o mundo para fotografar, e adivinhe só! – ele ama fotografia. Risadas juntos, pega na sua mão, beijam-se, apertam-se, sorriem, beijam-se de novo.
Então ele tem que ir, tudo bem. Aí ele pega seu número e diz que vai te ligar. Amanhã mesmo, pois quer falar sobre uns lugares ótimos na conchinchina que da para fotografar. Você passa seu número, faz alguma piada qualquer enquanto ele segue com os amigos. Você então vai ao banheiro com as amigas – conta tudo nos mínimos detalhes, imagina, tanta coisa em comum! E assim a noite segue, quase que com o mesmo roteiro. No outro dia ele não liga – mas você já sabia disso. De repente ele nem parecia tão interessante e sua cabeça dói. De noite você nem se lembra mais sobre a Conchinchina e suas fotografias.
Entende o que eu quero dizer? Cadê a naturalidade das coisas? Por que temos que ficar nos inventando? Tão simples ser direto. Tão simples ser você. Mas ser você te deixa menos interessante? E se você simplesmente falasse que nunca ouviu falar de conchinchina nenhuma, mas adora viajar para o interior de São Paulo? Ou então ao invés de ser super fã da banda que ele acabou de mencionar – e você nunca tinha ouvido falar antes – dizer que gosta mesmo é de ouvir los hermanos, mas adoraria conhecer um pouco mais sobre a tal banda. Que tal rir das incompatibilidades? Que tal não dar seu número – pois você sabe que ele não vai ligar- e ao invés disso anotar o dele. E não ligar. Ou ligar, se tiver vontade, porque não? Não temos que seguir sempre o mesmo script mesmo.
E isso que é o bom. Reinventar. Inovar. Sair do mesmo. Agora entende porque ando cansada desse joguinho social? Ah, legal mesmo é falar, fazer e sentir o que der na telha. Agir livremente, sem ficar pensando em seguir um padrão porque é assim que deve ser feito. Quero mesmo é fazer como eu bem entender, sem precisar ficar pesquisando sobre as conchinchinas da vida, se o que eu gosto é o fora do comum. Que me aceitem assim, ué! Ou se não aceitar, que apenas respeitem. Tomara que existam pessoas que estejam com o mesmo cansaço que eu.
7 comentários:
A superficialidade tá aí. Mas a parte boa dela é que ajuda a enxergar quem realmente é o que diz. Porque fica MUITO na cara o fingimento.
Mas na balada eu minto telefone até. Não quero que me perturbem depois. haha
Beijos.
Percebe-se toda a sua naturalidade e personalidade através da sua escrita, dinâmica, direta, sincera, interessante.
As pessoas resolveram que automático é melhor, que seguir o manual é mais "seguro", mas o bom é saber que ainda existe quem seja previsivelmente imprevisível. Essa história de manual de instruções não funciona comigo, o incomum nem sempre parece o sincero e o sincero quase sempre é deixado pra outra hora porque ser quem se é não está no manual.
Adoro esse blog. Abraços!
www.eraoutravezamor.blogspot.com
Tem selinho pra vc la no blog http://mariemotta.blogspot.com.br/p/selinhos.html
Beijos
:3
Sempre que venho aqui no seu blog fico impressionada com sua sinceridade que nos levam a refletir sobre essa realidade. O pior é que é tudo verdade. Conheço muitas amigas assim. O cara fala de uma coisa que ela não faz ideia, mas ela diz conhecer e depois chega no google e pesquisa sobre tal coisa para ter assunto mais tarde. É sempre tudo mais do mesmo. Parece que para uma pessoa ser interessante ela precisa ser compatível de início. Na minha opinião, o legal é não atender as expectativas esperadas, desde que a atitude corresponda a "ser você mesma". Adorei o texto, sério.
http://perolairregulaar.blogspot.com.br
Como eu queria voltar a escrever assim, de me expressar, de dizer o que vem à mente! Criticar, elogiar, LER!
Amo o jeito que vc escreve, nos faz refletir e pensar como a você (o que não é tão mal, pq na maioria das vezes vc está certa haha), mas falta-se tempo!
Voltarei mais vezes!
PS: Estou muuuito cansada tbm ;)
Gostei muito seu blog, as postagens, os assuntos, o layout, tudo que vc faz por aqui é muito legal *-* Gostaria de saber se vc deseja fazer troca de seguidores, (vc segue meu blog e eu sigo o seu) Diz a resposta, deixa um comentario no meu blog... Abraços!
docefuturo.blogspot.com.br
"já que agora o lema é faça amor e não a barba" kkk isso é verdade!
Acho que esse roteiro é o mais esperado tudo depende do lugar e como se conhece alguém.
gostei do texto! bjos
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