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Queria que a gente tivesse feito aula de dança. Você todo sem jeito, duro, cara de homem, arriscando um dois-pra-lá-dois-pra-cá. Pensava que seria divertido, que estaríamos mais juntos, que fugiríamos da rotina. Queria que nosso amor fosse um ritmo quente, dirty dancing baby. Aquela coisa proibida e envolvente, aquele olhar nos olhos, tocar o corpo, arrepio, com uma ótima trilha sonora.
Queria que a gente tivesse saído mais para dançar. Quem sabe assim a gente teria se conhecido mais, dado mais risada, se distraído mais? Quem sabe assim, ao invés de arranjar motivos e mais motivos para brigar, a gente não estaria se preocupando em acertar os passos? Os passos da dança, os nossos passos.
Só que a gente não acerta o ritmo. Enquanto eu quero corpos envolvidos em algum ritmo louco, você tem ficado entediante como uma apresentação solo de ballet. Quando eu quero a calmaria de um bolero, rosto no seu ombro – seu apoio, não só o ombro – você resolve que é hora de desligar a música.
Desligamos.
Eu vou fazer aula de dança. Zouk, forró, rock, samba, jazz – todos os ritmos. Vou me encontrar em algum.
Enquanto você fica com o coração na mão, como um refrão de bolero.
4 comentários:
Um texto óptimo... mas que constata o desfazamento total entre dois seres.
Quando é assim ... nada a fazer!
Beijos,
Adoro essas comparação inesperadas. Nunca havia pensado em uma relação amor-dança.
Seus textos são sempre lindos!
Beijos!
"Como o refrão de um bolero, eu fui sincero como não se pode ser..."
Rs
Adorei, com toda a intensidade, o teu texto.
e tem dança que ainda é melhor a dois!
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