terça-feira, 20 de abril de 2010

Ice Cream.


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Enquanto ela lavava o carro, porque era domingo – e algumas atividades só cabem ao domingo - ela sabia que tinha acabado. Porque a gente sempre sabe quando acaba, mesmo que a gente não queria que seja o fim.
Alguns amores são bons, mas tem data de validade. E enquanto ela não encontra O Verdadeiro Amor – será que encontro um dia? - ela ia saboreando os diversos tipos de amores que passavam por sua vida.
Mas esse era especial. Foi especial. Esse foi um daqueles que ela achava que iria passar o resto da vida. Eram poucos que ela se sentia assim.
É que veio com o pacote completo sabe? Tinha todo aquele frio na barriga que não passava, toda aquela saudade, ainda que ele tivesse acabado de ir embora para voltar no dia seguinte.
E não, não foi coisa de um mês. Já tinha 3 anos, e nada mudava, o sabor era o mesmo, até uns meses atrás.
Ah, esse amor era como seu sabor de sorvete preferido, em que ia comendo aos poucos, para não acabar logo. E a cada pedaço que retirava, era tão bom que parecia mesmo impossível de haver um fim. Mas ás vezes nessa ânsia de querer que o sorvete – ou o amor- dure para sempre, acabamos deixando ele no freezer por tempo demais. E então ele endurece, perde o sabor, faz mal - e insistimos em tentar ainda saborear. Mas chega uma hora que temos que nos desfazer dele, por mais que doa. E nunca mais queremos sorvete – ou amor.
Até que um dia alguém vem e lhe aparece com um sabor novo, que pode ou não durar para sempre (pode mesmo? Ainda não sei.).
E então tentamos.
E depois quando ela sentou no sofá da sala vestindo roupas velhas – porque ainda era domingo – ela se sentiu um pouco triste. Mas abriu um novo pote de sorvete, suspirou e saboreou sem se preocupar.

4 comentários:

C. Lisdália disse...

Cheguei a conclusao de que pode ter sido uma delicia... E o melhor é saborear tudo de novo que o mundo nos proporciona, sejam sorvetes ou amores...

É tão bom amar, se apaixonar, se deixar levar pelo sentimento! =D

Natália B. disse...

Li esse texto com um ar de nostalgia..
Parece que foi feito sob medida.

Belas palavras! :*

Cristina Caetano disse...

Gostei da comparação com o sorvete colocado no freezer.
E se pode durar pra sempre? Também me pergunto. Poder, pode. Mas o mais importante é nos preocuparmos com um dia de cada vez.

Beijinhos

Esther disse...

O que seria de nós sem um recomeço? Ou simplesmente, uma continuação?!
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O acaso me trouxe aqui e descobri que sou fã do acaso. Devorei os posts abaixo e, há tanto não lia estórias levemente intensas. Estórias de amor.
Voltarei com certeza!

Abraços