sábado, 23 de maio de 2009

Lar da Praia.




Geralmente acordava perto do meio dia. Ou duas horas. Dependia da hora que chegara na noite anterior.
Ainda de pijama (que não passava de uma blusa velha e um short sem elástico) ia até a cozinha tão rústica quanto o resto da casa, e se servia de um pão com margarina. Quando a mãe estava de bom humor, tinha também pão doce e requeijão. Se fosse o pai que estivesse comprado então, tinha até bolo. Mas não se importava com o que ia comer, só se importava em estar ali, fazendo nada e sendo feliz.
Sentada na mesa da varanda, ainda com preguiça, verificava o tempo. Na maioria dos dias em que passou lá, o calor era forte, e o sol, escaldante. E nessa tarde não era diferente.
Trocou o pijama pelo biquíni, se achou gorda quando olhou no espelho. Normal. As primas também estavam se trocando, e alguns minutos depois já seguiam aquele caminho de terra, que parecia sem fim, até a praia.
Esticava-se na areia, já tinha um bronze invejável. Enquanto se unia com o sol, pensava na vida, pensava se iria ver ele naquela noite, ou se tivesse sorte, no fim da tarde, naquela mesma praia. E pensava também na ironia que era, os dois compartilhavam desse mesmo mar, mas eram tão distantes um do outro!
Quando já não agüentava mais, ah, ia para o mar, se jogava, mergulhava. Mar verde, mar lindo, e quando tinha sorte, mar calmo como uma piscina. Quando estava ali não queria mais pensar que havia outro mundo. Se achava rainha do mar. Isso, é claro, durava até sentir frio e voltar a se unir com o sol, na areia sem fim.
Ficava lá, com suas primas. Caminhava na praia. Encontrava também a mãe, pedia um real e tomava mate com limão.
No fim da tarde, chegava em casa, se jogava no colchão da varanda, cansada, consumida pela praia. Tomava um banho bem bom naquela água cor de ferrugem, e recuperava as energias, para sua volta noturna pela mesma praia. Shorts, blusinha e chinelo geralmente. Sua marquinha de biquíni, claro, a mostra.
Lá ia ela, livre de tudo, embaixo do céu coberto de estrelas. Via ele, se desconcertava. Voltava pra casa e pensava nele. Entre fofocas com suas primas, dormia, para começar tudo no dia seguinte.


Obs. Foto de um desses verões que não voltam mais ;/

13 comentários:

Ana disse...

ah, eu amo amo amo esse texto, de verdade *-* Nossa, se fosse para eu dizer as épocas mais felizes da minha vida, eu diria que foram a minha infância, na casa da vó, e a outra parte da minha infância, começo da adolescência, nessa casa de São Chico ! Como eu fui feliz ! Espero que um dia a gente se reúna de novo lá, e compartilhe dessa felicidade de novo *-*

te amo Cris :*

Rute Almeida disse...

Grande dor, essa de ser e estar distante do moço da praia, hm? Mas, de alguma forma, estavam unidos pelo mar, não é?

Obrigada pela visita, novamente. Adorei aqui! E seus comentários, rs.

Anônimo disse...

Muito bom seu texto, e seu blog tb!
beijos

Anônimo disse...

De qualquer forma, sair do ambiente habitual é muito bom.

Eu não gosto muito de praia, só de ver o mar, caminhando no fim da tarde. Mas pra quem curte ficar ao Sol e na areia, é muito bom.

Bejo!
Bonitas lembranças. Quanto mais simples, melhores.

Rafael Sperling disse...

Quando me uno com sol, geralmente me queimo bastante.

casa da poesia disse...

...ó tempo!...volta pr'a tráz...dá-me tudo o que eu perdi!!!!...lindo texto!...e para ti...

"Negema wangu binti"

Mari (: disse...

Lindo o texto. É sempre bom relembrar momentos felizes!

Aline disse...

Que saudades de férias com as primas! Amo minhas primas, mas hoje em dia cada uma está com uma vida tão louca que só em datas especiais para nos encontrarmos. Bateu uma saudade no coração...

Beijos

Moni disse...

ahhh o verão!!! saudosismo heim????? nossa me vieram a mente tantas lembranças com esse post seu!!! bjksss

Eri disse...

mb!
saudades dos amigos

Empadilha disse...

textaço hein...
parabens, pelo blog e tudo mais...rs
ah e aproveitando, quando não tiver nada pra fazer, mais nada mesmo.rs...escuta "meu" podcast(podrir)é uma conversa informal entre amigos, tentando puxar p/ o lado engraçadO!
http://podrir.blogspot.com

Rodrigues, K. disse...

O mar estava lá, para abraçar os dois.

Te beijo.

Vivian disse...

Eu não gosto muito de praia (só de noite) mas quando era criança adorava, ia sempre com meus pais e mais tarde ficava sempre na piscina do meu tio com as minhas primas, era muito bom!

Beijos ;*