quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Leve, apenas... me leve.

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Me leva pra casa hoje a noite. Para a sua casa. Apenas me leve, não vamos questionar nada, só pega na minha mão e vamos fazer o que sabemos de melhor. Não, não estou falando de brigas, embora sabemos fazer isso muito bem também. Apenas me leve para casa, vamos ouvindo pelo caminho as bandas que só nós conhecemos. Somos tão nós. Ninguém nos entende, ninguém me entendia, foi isso que me levou até você. Agora, só quero que você me leve.

 Você sabe, foi minha cura. Apagou de mim um passado tão presente, ao mesmo tempo que não queria mais nada nem ninguém, quero apenas ir para a sua casa e ficar discutindo sobre os livros estranhos que você tem na estante. Porque sabe, você é diferente, você tem uma estante que tem livros, filmes, coisas velhas e cigarros. Você não usa as roupas mais bonitas – você nem ao menos é o mais bonito – mas não me importo, quero apenas ficar estirada no seu sofá velho, ouvindo suas histórias velhas, discutindo e depois, bom depois, você sabe. Podemos ir agora?

Sou de ninguém, mas sou tão sua. Me divirto com aqueles que gosto de conquistar, você também, você adora conquistar, mas sei que é tão meu também. Como Frida Kahlo e seu Diego, não queremos fidelidade, sim lealdade. Porque é assim que tem que ser, já estraguei tantos amores por aí, você também, você me disse, então porque não deixar as coisas livres? Tudo bem, pois é na sua casa que gosto de estar, pois embora algumas outras visitem sua casa, seu corpo, seu cheiro, sou eu quem fica, sou eu que sei que aquele cartão postal desbotado em cima do criado mudo é do carnaval de 98, sou eu que faço teu café amargo na sua caneca preferida – que fica guardada no canto do armário da cozinha, sim, eu sei.

 Amar talvez seja isso, talvez seja apenas querer estar ali fazendo seu café, mas sem a necessidade de ser obrigada a fazer isso todo dia. Amor, coisa complicada, talvez seja isso, sem pudor, sem amarras, sem rótulos, apenas sendo feliz enquanto se pode ser. Apenas sabendo, tendo a certeza que eu sou tua e você é tão meu sem tem que sofrer e querer viver só por isso. 

 Não sei. Apenas me leve para a sua casa. Hoje, quem sabe depois, por um tempo, ou nunca mais? Pouco importa, quando se sabe que é, quando se sabe o que sente, que é puro, que é bonito, leal. Vamos?

4 comentários:

Mayra Borges disse...

Perfeito esse texto. Fala do amor de uma forma tão natural e verdadeira, algo que poucos conseguem fazer. Muito lindo mesmo parabéns!!

www.eraoutravezamor.blogspot.com

Mariana Motta disse...

Que não erremos o ponto do nosso café. Que seja doce que alegra e o amargo que deixa a boca desejando mais. Beijos.

Marcos Rittner - Author disse...

Sensacional teu texto. Autora de mão cheia. Me vi do outro lado, acho que um pouco dos dois lados, embora sem querer perceber exatamente quem foi a que sentia ou pensava isso tudo, quando visitava meu sofá velho.

mfc disse...

Um texto perfeito e interessantíssimo!
Uma filosofia de vida e um desalento que precisa de atenção.
Não se deixe cair assim...
Beijos,