quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Palavras soltas que me libertam numa tarde qualquer



"Há um descompasso no tempo". Luzes e sombras dançam no papel ainda em branco - Logo, não será mais. Estará preenchido pelas minhas próprias luzes e sombras representadas por palavras. Palavras: Como são poderosas. Preenchem vazios de folhas de papel e de coração de carne, escondem significados por trás da caligrafia torta, podem ser diretas como flecha certeira ou quente como brasa do fogo. Servem para uma coisa ou para outra, mesmo que sejam iguais. Mal ditas, palavras soam malditas para quem não tem ouvidos atentos. Atentam, enfeitiçam como magia de bruxa apaixonada, prendem mais que nó de marinheiro, transformam a solidão e o nó da garganta no acalento do 'nós', apenas por um detalhe. 
Luzes e sombras continuam a dançar sobre a folha de papel já não tão em branco, mas o que dizem essas letras que preenchem? Indagações, devaneio, entenda como quiser. Ou então, faça-me um favor: não compreenda. Não entenda. Jamais saberás o real significado. Jamais saberás por que sentei-me aqui, embaixo dessa árvore, para escrever coisas que não são para serem compreendidas. Nunca saberás por que fumo ou que minha pele se arrepia - de frio ou por outra coisa, como há de saber? - enquanto digo um monte de nada que me diz tanta coisa e eu mesma nado nesse mar confuso de palavras luzes e sombras, folhas já não mais em branco e tempo que passou. Continua passando, ao passo que eu continuo dizendo e não dizendo.
Essas palavras não devem ser lidas.
Devem ser sentidas.

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