quarta-feira, 25 de julho de 2012

Pras pessoas de alma bem pequena (...)

(Remoendo pequenos problemas 
Querendo sempre aquilo que não têm)


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 É uma revolta, nessa quarta-feira chuvosa. Revoltada, porque as pessoas me cansam. Me cansam com seus discursos falso moralistas, me cansam com sua hipocrisia, me cansam com toda essa superficialidade. Que mundo é esse em que corpo vem antes da mente? Que mundo é esse em que dinheiro é que dita as regras? Que mundo é esse, em que todos são tão montados, tão falsos? 


 Pode parecer discurso de rebelde sem causa, mas está longe disso. Apenas acordei hoje cansada das pessoas, cansada das coisas que ouço e vejo, e como não tenho dinheiro – nem vontade, diga-se de passagem – para pagar um analista, vim aqui reclamar no espaço mais democrático que conheço, o MEU espaço. 


 Já viram coisa mais superficial do que pessoas na balada? É todo mundo querendo parecer bonito, rico e feliz. Isso acontece no facebook também né? Todo mundo querendo ajudar os animais, querendo ser descolado e esfregando na cara da sociedade o quanto vai em lugares legais, come pratos caros e tem uma vida ma-ra-vi-lho-sa. Todos os relacionamentos são perfeitos, todas as amizades verdadeiras. Parece que as pessoas estão vivendo no Second Life (que coisa antiga), parece que criam avatar de algo que gostariam de ser. Mas que não são. 


Em que lugar ficam as pessoas que não ligam para isso tudo? Quem gosta de conversar, de debater assuntos que não sejam sobre o Neymar ou qualquer panicat? Aliás, onde encontramos essas pessoas, onde elas se escondem? Não sei. Sei que cada vez me decepciono mais com certas coisas. Isso me deixa com preguiça de pessoas. Preguiça de “comprar” certas brigas que não valem a pena. Cansaço de ouvir cada coisa sem fundamento, que acabo apenas deixando passar. Não deveria é claro. Mas lutar ao lado de quem e pelo que, quando a maioria das pessoas apenas aceita tudo que lhe é imposto? 


Não quero mudar o mundo. Sei que não consigo. Mas também não quero ficar sentada apenas aceitando tudo que dizem que tenho que ser. Queria apenas que mais pessoas se levantassem também. 


"Vamos pedir piedade Senhor, piedade 
Pra essa gente careta e covarde 
Vamos pedir piedade Senhor, piedade 
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem” 
Blues da Piedade. Melhor Música. 
(Cazuza, seu lindo)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Let it go.

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A pessoa que não sai do pensamento, suspiros, frio na barriga, músicas bregas: esse é o atestado de que se está apaixonado. Mas o que atesta o fim do amor? Assuntinho complicado esse. Ás vezes passamos dias, meses, anos apaixonados, até que o fim acontece. Existem aqueles que perdem o amor no meio do caminho, outros sofrem porque o fim foi decretado mas o amor continua lá. Como saber que o fim é mesmo o fim? 


A minha teoria – que não tem embasamento científico nem nada do tipo, diga-se de passagem – é que o amor acaba quando o sentimento termina. Qualquer sentimento. Quando passamos por um fim difícil, descobrimos mentiras, traições e essas coisas, mas ainda gostamos da pessoa, esse amor se transforma em mágoa. Em raiva. Em sentimentos ruins, mas que ainda são sentimentos. Sinal de que sentimos algo por aquela pessoa ainda, ou seja, não acabou. 


A gente enche a boca para falar que não ama mais, que não suporta tal pessoa, que tem raiva. Opa. Olha o amor aí gente! Disfarçadinho, para doer menos, mas ele está lá. Raiva é uma forma de amor. Muita raiva então, nem se fala, é o amor querendo dizer que não está mais lá, querendo se disfarçar, para doer menos quem sabe. Agora, quando não se sente absolutamente mais nada, e com isso eu quero dizer que não há mais raiva, mágoa, vontade de reviver as coisas boas, então diga Adieu l'amour, pois significa que ele se foi. 


Veja bem, isso não quer dizer que você não pense nas coisas boas, ou até mesmo nas ruins. Mas a diferença está entre relembrar e querer reviver tais coisas. Lembrar com carinho dos bons momentos é bom, muito bom. Mas se você consegue apenas recordar com afeição, guardar as coisas boas, mas não sente saudade ‘daquele tempo’ ou não pensa em reviver tudo de novo, parabéns, você conseguiu. Não ama mais, superou. Coração limpo, coisa boa. 


E não tem mesmo coisa melhor do que não se remoer com as mágoas ou não querer o tempo todo voltar para o passado, para aquele lugar em que as coisas davam certo e ninguém sabia que iria afundar. Deixar de amar não é esquecer, mas sim saber lembrar das coisas sem ter nenhum sentimento preso a tal memória. E como é bom poder olhar para a pessoa e não sentir nada, além de um agradecimento especial: afinal bons ou ruins, cada momento com certeza serviu para algo. E saber levar isso adiante e continuar vivendo é maravilhoso. 


Deixem o amor entrar. Mas saibam deixar ele ir também. Essa renovação revigora e nos amadurece. Pobre daqueles que mantém o ódio, não sabem o que – ou quem – estão deixando de viver e conhecer por conta disso.




Por @criispi, que aprendeu a deixar as coisas ruins irem embora.

terça-feira, 3 de julho de 2012

É passageira.


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Fazia tempo que eu não acordava tão cedo para pegar o ônibus rumo ao trabalho, mas ontem foi uma exceção. Devido ao lugar que eu me encontrava, seis e meia da manhã já estava sentada no baquinho desconfortável pensando que iria dormir até chegar no meu destino. Tive sorte de não ficar em pé, logo pensei que conseguiria mesmo ir cochilando, mas a menina que estava sentada do meu lado não deixou. Não porque ela estava ouvindo funk no celular sem fone-de-ouvido, até porque acho que ninguém em sã consciência se arriscaria a fazer isso numa segunda-feira de manhã com todos mau-humorados ao seu redor, mas porque ela estava chorando. Discretamente, quietinha, olhando para a janela, quase não dava para perceber. Mas eu percebi. 


Fiquei meio assustada no começo. Depois curiosa. Olhei discretamente (dentro do possível) para ela, em busca de vestígios sobre qual motivo ela estaria se debulhando em lágrimas numa segunda-feira, ás seis e meia da manhã. Perdeu o emprego? Perdeu a carteira? Perdeu a bolsa? Não, eu aposta que era outro tipo de perda: perdeu um amor. Ah o jeito que ela olhava para a janela, depois para o celular, depois balançava a cabeça como quem não entendia nada. Os suspiros, a respiração entrecortada, as olheiras, o cabelo preso, a vontade de não querer chorar mas mesmo assim não conseguir, as pernas inquietas. Já vi esse filme. 


Fiquei convalescida com ela. Entendia como era aquilo. Quis dizer para ela que vai passar. Que vai doer ainda inúmeras vezes, que ela vai chorar ainda algum tempo quando lembrar, que ela vai querer esquecer mas vai se trair lembrando das coisas. Mas que passa, com certeza. Quis abraçar ela, porque sabia que ela choraria ainda mais. Quis dizer que já estive desse lado, que sei o quanto é difícil, mas que agora estou do outro e toda essa lágrima retida tentando cair discretamente durante as viagens de ônibus serviram para muita coisa. 


 Mas eu não disse nada, óbvio. Afinal eu nem sabia se essa minha visão hollywoodiana era o principal motivo das lágrimas dela. De repente ela tinha perdido mesmo a bolsa, ou algo assim. De qualquer forma, me lembrei que estive ali, mas agora estava sentada no banco do lado, criando hipóteses sobre a tristeza dos outros. E ali dentro daquele ônibus, lembrei do velho clichê: a dor é mesmo passageira.