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O nosso amor a gente inventa. |
Os escritores, os poetas, as músicas já nos
avisam: é tudo ilusão. Bukowski fala que o amor é uma espécie de preconceito,
afinal a gente só ama o que precisa, o que faz sentir bem, o que é conveniente.
Caio diz que não há nada a ser esperado ou desesperado, que é tudo maya, ilusão
ou samsara, círculo vicioso. Cazuza segue cantando que o nosso amor a gente
inventa pra se distrair, e que quando acaba a gente pensa que ele nunca
existiu. Poderia citar mais ilustres frases que de uma maneira sincera, suja,
bonita ou simples acabam por dizer exatamente a mesma coisa: que tudo termina –
e que quando acontece, fica aquele sentimento de ‘será que era mesmo’?
Quantos sentimentos a gente não inventa?
Aquele beijo teria sido realmente tão bom ou era só conveniente no momento? O
carinho foi mesmo de arrepiar a alma, ou só arrepiou a pele? Pele. Essa coisa
que vivemos confundindo com amor – mas que não deixa de ser também, de uma
maneira diferente. Afinal tudo mesmo é amor e tudo mesmo é ilusão, cabe a nós
pensarmos como o velho Bukowski e ver o que era conveniente na ocasião.
Não, não pense que eu não acredito no amor,
nem que nunca fui amada. Já amei por anos e por instantes, tudo com a mesma
intensidade – porque amor, paixão, pele, desejo, ilusão vem tudo do mesmo
lugar, e não tem que ser taxados com tempo. Parem de categorizar tudo, sintam e
só. Por anos ou por minutos. Se não sabe o que fazer, seja Caio: não faça nada,
fazendo tudo. E se ainda assim não der, faça como eu – e Cazuza – conte apenas
uma história romântica.