segunda-feira, 15 de março de 2010

Máscara.


imagem:http://gettyimages.com

Ela chegara atrasada – mais uma vez – e entrou correndo desajeitada pela sala. Ele já estava lá, com seu ar misterioso que tanto e tanto mexia com sua curiosidade. Como de costume, ele nem se mexeu, e ela tinha tanta raiva! Como podia ele ser tão lindo assim de bermudas e chinelos, sem nenhum esforço? Como podia ela ter passado maquiagem, feito chapinha, colocado a sua melhor calça e ele nem se quer levantar o olho daquele (maldito) livro?
Ah, como ela queria ser aquele livro. Ter uma história interessante aos olhos dele. Prender a atenção dele de alguma forma.
Desastrada como sempre, sentou ao lado dele. Esbarrou nele –sem querer, sério!- e pediu desculpas, ele apenas sorriu, mas um sorriso educado, não irônico.
Droga. Ela odiava ele.
Queria puxar papo, queria esmurrar ele por nem perceber sua presença, queria beijá-lo porque ele era lindo e diferente.
Mas, como sempre não fez nada disso. Ficou ali, só a observar, imaginar.
Chegou em casa cansada. Se olhou no espelho e se viu linda, com a maquiagem ainda intacta, o cabelo liso, a blusa decotada (não do jeito vulgar, mas do jeito sensual bonito), mas viu que sua beleza era triste. Era uma máscara. Descobriu, infeliz que aquela não era ela, e assim alguma coisa que ela tentou criar para impressionar os outros.
Tomou o banho mais demorado que se lembrava.

No outro dia, chegara atrasada de novo – ela nunca ia aprender a chegar no horário- e nem sequer ousou olhar pra ele.
Sentou do lado dele, tomando o maior cuidado para não esbarrar nele dessa vez, e ficou ali lendo descontraída. Estava descontraída, porque nesse dia resolveu ir vestida dela mesmo. O cabelo enrolado estava solto naturalmente, usava uma blusa preta, uma calça leve e chinelos, sem medo de estar na moda ou não, estava apenas livre, mostrando o que ela realmente era.
E então, se surpreendeu com um oi jamais dito. Com uma conversa jamais antes iniciada – não iniciada por ela, pelo menos.
Era ele que estava falando com ela. Elogiou sua aparência, disse que jamais a havia visto tão bela.

O que eles conversaram depois? Não se sabe, ela não se lembra. Só se lembra de ter tido a feliz idéia de ser ela ao invés de ser o que os outros esperassem dela, e de como ficou feliz quando deixou as máscaras guardadas na gaveta.

9 comentários:

Babih Xavier disse...

O que chama atenção em nós são as diferenças e naum o que nos faz igual a todas neh.... ameiii

Gabriela P. disse...

Aaaah que liindo, Crispi!
Fiquei toda boba aqui!
Tão gostoso isso, não precisar fingir...
Adorei!

Beijos

Carolinne disse...

O que há para falar! Se já fastastes tudo?

Que belo texto, ain é tão sermos admiradas pelo que somos, sem nenhuma mascara sem nenhuma farsa, só nós, nós mesmo!

^^ bejim

Carolinne disse...

O que há para falar! Se já fastastes tudo?

Que belo texto, ain é tão sermos admiradas pelo que somos, sem nenhuma mascara sem nenhuma farsa, só nós, nós mesmo!

^^ bejim

disse...

Amei! Muito fofo o conto. A beleza está na simplicidade e na verdadeira pessoa. Beijo!

Laurie. disse...

ja usei muito dessas mascaras, e nunca nem uma dela deu certo...
só quando resolvi retirar elas é que as coisas melhoraram!

otimo texto :)
:*

Raquel Diniz disse...

É muito alívio saber que sendo nós mesmo podemos ficar felizes. Deixar as máscaras de lado é sempre sábio.. ^^

:*

Marina disse...

Muitas vezes apagamos nossas maiores qualidades quando tentamos ser simplesmente... iguais

Anônimo disse...

Lindo blog, linda descrição.

Passarei mais vezes por aqui.
Beijos. :*