quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mantenha a personalidade.

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Conheço uma menina que logo vai casar. Antes de ter um relacionamento, essa menina era outra – divertida, pintava suas unhas de vermelho, era desbocada algumas vezes e não tinha pudor em usar roupas simples com chinelos e cantar reggaes para os cachorros da rua. Hoje, essa menina não faz nada disso, é quieta, não fala besteiras perto do namorado, se veste impecavelmente e deixou as cantorias para trás. Ela tem um perfil na rede social junto com o namorado, para provar que o amor dos dois é um só. Céus.

Por que será que algumas pessoas quando namoram acabam assumindo a personalidade da outra, como se não tivesse uma própria? Porque alguns casais viram um único ser – passam de fulano e ciclana e se transformam em fulano-ciclana, uma fusão do tipo Dragon Ball que não permite que eles façam coisas separados? Será que quando encontramos uma pessoa deixamos de sermos nós mesmos?

 Não. Não temos que deixar. Claro, alguma mudanças sempre acontecem, afinal quando você se une a uma pessoa tem que aceitar e respeitar muitas coisas, pois são dois mundos diferentes se encontrando. Mas aceitar e respeitar não significa tirar toda a bagagem da sua mala e colocar roupas que nem ficam bem em você. E se a viagem acaba, você lembrará em qual guichê deixou sua velha personalidade – se é que você tinha uma?

Namorar, noivar, casar, se juntar, etc etc etc é lindo. Desde que você não precise ficar se moldando para caber no espaço do outro e nem ele no seu – que se fique junto pelo que se é, não pelo que o outro quer que você seja. Ok, que atire a primeira pedra quem nunca cometeu um errinho desses, eu mesma já mudei muita coisa para tentar não afundar um relacionamento, o que só serviu para perceber que tapar os furos com band-aid falso não adianta.

Desde então, escolhi ser eu mesma, se quiser todas as minhas qualidades tem que aguentar as outras coisas também. Se quer usufruir da minha alta capacidade de cozinhar gordices, tem que aceitar que eu não dou do tipo que se monta em maquiagem e salto alto para ir em qualquer lugar. E essa sou eu.

 Que outras pessoas possam ser elas mesmas também. Fusão, só é legal em desenho animado. Na vida real, caros amigos, não é nada fofo – e sim brega. Fiquem ligados.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Metáfora de mercado

Weheartit.com

Ouvi uma voz pedindo um café-com-leite. Mais café que leite. Não, sem açúcar  Muito interessante, pensei, enquanto tomava meu próprio café gêmeo ao desse cara na mesa do mercado. Na cestinha (opa, sinal que deve ser solteiro, casados compram em carrinhos) tinha ração de gato. Homens que tem gatos são muito interessantes. Tinha frutas, coca-cola, macarrão e o resto não consegui ver. Barba por fazer, uma tatuagem na panturrilha. Chinelos. Muito, muito interessante. Bebi meu café devagar e fiquei observando, já ele bebeu rápido, olhou seu relógio com uma cara de sério (que cara mais lindo!) e se perdeu entre as prateleiras do mercado. Lá se foi um cara muito, muito charmoso e interessante.

Pedi mais um café, porque aquilo me deixou intrigada. Onde se escondem esses caras interessantes? Perdidos entre as prateleiras do mercado e livrarias? Na esquina de cinemas cults e bares de nomes estranhos que ninguém conhece? Por que é tão difícil de localizá-los, existe algum tipo de código? Ou estaria eu apenas procurando nos lugares errados?

 Uma coisa é certa: na balada eles não estão. Veja bem, meu bem, sinto lhe informar, mas é verdade. Não estou dizendo que as pessoas das baladas não sejam interessantes, mas é que elas estão ali com outro propósito  Se fosse um mercado, os caras da balada estariam na prateleira de chocolates e gordices, são uma delícia, todo mundo quer, mas acabam rápido. Muitos até te deixam com aquele sentimento de culpa – e engordam. E, no momento, estou de dieta, prefiro algo mais light, com sabor diferente, algo orgânico  sem firulas na embalagem, mas com um conteúdo que não faça (tão) mal. Que seja mais para ‘longa-vida’ do que para ‘pronto em três minutos’. Mas essas prateleiras são tão escondidas! 

 Parece que esse tipo de produto anda em falta no mercado. Ou até, quem sabe, eles passem despercebidos pela gente, porque escolhemos demais. Eu sou assim. Vivo sabotando a dieta, depois reclamo que não tem nada que preste, mas na hora de escolher, será que eu escolho o certo? É bom pensar. Terminei meu segundo café e jurei ficar um pouco mais atenta: quem sabe seja hora de prestar atenção nas escolhas. E nas cestinhas alheias.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Aquela Sensação.


 Dia desses fui comprar uma gordice no Burguer King e por acaso o shopping tinha música ao vivo. Enquanto escolhia entre as delícias de cinco reais ao som de alguma música do J quest, que não me lembro qual (confundo todas elas), a atendente suspirou e disse: “Queria entender o que esse cara está cantando”. No primeiro momento eu pensei que ela não devia estar muito bem do ouvido, afinal o músico nem era tão ruim assim. Depois, enquanto saboreava meu delicioso bacon, eu entendi. A tal música falava sobre as sensações de estar apaixonado, e era sobre isso que ela queria entender. E eu também. 

 Veja bem: não sinto falta de uma pessoa em específico. Não sinto saudades do que passei com ela. Mal me lembro dela, pra falar a verdade. O que eu sinto falta é daquela sensação de estar apaixonada, sabe? Aquele frio na barriga que se sente quando a pessoa vem chegando perto. Ou aquela gaguejada que a gente da quando fala e não consegue tirar os olhos do sorriso mais lindo do mundo. A vontade boa de ouvir a voz, sentir o cheiro, o sorriso besta quando recebe uma sms no meio da tarde. As dúvidas – ah, as eternas dúvidas nas coisas mais bobas, a consulta as amigas para saber opiniões sobre tudo. É, amiga atendente do Burguer King, isso faz realmente falta. 

 Fazem dois anos que não me apaixono. Além de uma paixonite ou outra, mas nada a ponto de me fazer escutar músicas do Roberto Carlos, por exemplo. Mal me lembro quando senti meu coração acelerar bem forte.. Também não me lembro o ponto que ele foi desacelerando e sedendo espaço para o fim do começo do amor – como essas coisas vão sumindo e a gente nem percebe? Deveríamos cultivar isso sempre. Deveria ser proibido que só nos lembrássemos desse tipo de sensação graças ás epifanias de atendentes do Burguer King.

 Mas a gente sabe que não é tão simples. Não existe um botão que se aperta e faça que a gente se apaixone e as nossas palmas das mãos comecem a suar. Porém, pessoas, talvez a gente dificulte um pouco também, talvez nós deixamos as nossas portas fechadas para qualquer tipo de sensação. Talvez a gente tenha medo disso tudo, ou talvez seja mesmo difícil encontrar um amor para embaralhar a nossa cabeça. Talvez, talvez... Já que tudo e uma suposição, quem sabe então não tenhamos que fazer igual nosso querido Caio F. Abreu ensinou? Ele disse assim: “Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu – sem o menor pudor, invente um.” Concordo Caio, mas acho que para atravessar todos os dias – não somente agosto – essa é uma ideia muito valida. Já estou inventando.