
O mundo tem tanta gente real! Mas não, ela insistia em enxergar o que não existia. O que não existia na matéria, pois na sua realidade estava mais vivo que nunca. Em sua mente era real. Em seus sonhos podia senti-lo, podia toca-lo. Olhava ao seu redor e via um emaranhado de gente, cada um com seus problemas, sua vida. Ninguém se notava, ninguém se sentia. Por isso preferia viver sonhando. Pobre menina sonhadora.
A verdade é que ela sabia que ninguém vive de sonhos. E sabia também que precisava de um amor real ao seu lado. Mas não conseguia. Não conseguia enxergar além do que seus olhos permitiam. Não conseguia ver a alma de mais ninguém! Tinha medo, pois pessoas reais deixam feridas verdadeiras, e seu frágil coração demorava a cicatrizar. Preferia sofrer amando alguém que criara para si. E, bem lá no fundo, tinha esperanças que esse seu personagem surreal estivesse em algum lugar, em algum lugar real, esperando apenas ser descoberto.